Última alteração: 23-09-2024
Resumo
As mudanças climáticas têm intensificado a frequência e a gravidade de eventos climáticos extremos, tais como inundações, tempestades, ondas de calor e secas. O desastre climático de maio de 2024, com precipitações extremas e inundações no Rio Grande do Sul, serve de alerta para que o planejamento urbano compreenda a necessidade urgente de promover a resiliência em cidades, demandando soluções eficazes tanto no nível estrutural quanto ecológico. O Centro Histórico de Porto Alegre enfrenta sérios desafios relacionados à infraestrutura de drenagem, o que compromete a sua capacidade de enfrentar chuvas volumosas. A urbanização do bairro foi intensiva, envolvendo aterro de corpos d'água, supressão vegetal, impermeabilização do solo, uso excessivo de superfícies asfaltadas e edificações de concreto, além de um subdimensionamento da infraestrutura urbana, incapaz de atender às demandas do rápido crescimento populacional. Esse processo desestruturou diversos serviços ecossistêmicos proporcionados por áreas naturais, prejudicando a capacidade do ambiente de lidar com ameaças climáticas, às quais se tornou muito vulnerável. Inovações contemporâneas importantes sugerem o uso de infraestrutura verde, também denominada Soluções Baseadas na Natureza (SBN), sob a premissa de que a vegetação urbana e as áreas verdes podem favorecer a drenagem pluvial, ao mesmo tempo em que prestam serviços ecossistêmicos reguladores. Assim, o trabalho visa propor um plano integrado que combine infraestruturas cinzas (sistemas de drenagem convencionais) e verdes (SBN), visando aumentar a resiliência do Centro Histórico de Porto Alegre diante da mudança climática e dos eventos climáticos extremos. Para tanto, foram realizadas as seguintes etapas: (i) identificação dos riscos climáticos do Centro Histórico, através de pesquisa documental e análise dos dados do projeto de pesquisa Monitoramento de eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul; (ii) levantamento de dados sobre a atual infraestrutura cinza e suas deficiências; (iii) pesquisa bibliográfica sobre SBN, plantas nativas e plantas tolerantes; (iv) pesquisa documental sobre planos urbanísticos e de arborização urbana de Porto Alegre; (v) identificação de oportunidades para a implementação de infraestrutura verde, com uso do Google Street View para percorrer as vias públicas do Centro; (vi) e construção de mapa de pontos de implementação de infraestruturas verdes. Espera-se que a combinação de infraestruturas cinzas e verdes melhore a capacidade de drenagem urbana. Além disso, a infraestrutura verde, ao aumentar a permeabilidade do solo e a vegetação urbana, pode: gerar maior conforto térmico; ajudar na recarga de aquíferos e purificação da água; melhorar a qualidade do ar e realizar sequestro de carbono; atenuar a poluição sonora; garantir harmonia paisagística, contribuindo para o bem-estar; e criar espaços para lazer e turismo. Essa abordagem promove o desenvolvimento sustentável com as tecnologias de soluções inspiradas e sustentadas por processos naturais, implementadas de maneira planejada e estratégica, usando técnicas e conhecimentos científicos avançados para maximizar benefícios.