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Conflitos socioambientais identificados após a construção da hidrelétrica de Belo Monte em Altamira-PA: População ribeirinha e indígena
Renata Soares De Sousa, Aline Hentz

Última alteração: 16-10-2019

Resumo


A energia elétrica que consumimos diariamente chega com tanta facilidade em nossas casas que nem pensamos em como e onde é produzida. As construções de barragens para geração de energia causam grandes impactos, tanto para o ambiente, quanto para a população. A Usina Hidrelétrica de Belo Monte é um exemplo disso. Segunda maior hidrelétrica do Brasil e terceira maior do mundo, construída na cidade de Vitória do Xingu-PA, a 52 km de Altamira-PA, ela vem causando problemas desde o início dos estudos para sua construção. Os conflitos socioambientais causados por essa obra faraônica, no meio da Amazônia, afetam diretamente os direitos da população indígena, ribeirinha e urbana de Altamira. Para o resto do Brasil, não é fácil associar tantos problemas, como violência, falta de saneamento básico, fome e mortandade de flora e fauna, à construção de uma hidrelétrica, e por isso essa pesquisa torna-se importante. A fim de mostrar os problemas enfrentados pela população, fomos até a cidade de Altamira e visitamos pontos importantes para os moradores, incluindo a própria Usina. A metodologia foi estruturada em três etapas. Na primeira, preparamos um questionário com perguntas que pudessem expressar as percepções que os entrevistados tinham a respeito do acesso a direitos básicos em Altamira. Na segunda, fizemos o trabalho de campo em Altamira, colhendo relatos, em locais públicos, de pessoas que afirmaram terem nascido na cidade. E, na terceira etapa, retomou-se o trabalho de gabinete para gerar resultados e conclusões. Os resultados desta pesquisa foram baseados nas respostas de 11 entrevistados ao questionário proposto. Perguntados sobre emprego e renda, as respostas foram unânimes: as obras para construção da hidrelétrica trouxeram novos empregos, que, porém, rapidamente desapareceram, pois a maioria dos empregados eram de fora da cidade ou até do Estado. O desemprego gerou violência e fome, e a falta de saneamento básico, doenças. As medidas de compensação não foram cumpridas pela empresa responsável pela construção e a população permanece esperando por hospitais e escolas. Os ribeirinhos do Rio Xingu foram direcionados para casas que ficam longe do rio, o que dificulta a atividade de pesca, que era sua fonte de renda, e sua alimentação. Para a população indígena foi ainda pior, porque algumas comunidades foram retiradas de suas terras e colocadas no centro da cidade, onde vivem como presos, já que a maioria mal fala o português e não consegue emprego. Criou-se uma expectativa de desenvolvimento, mas, na realidade, à população de Altamira ficaram apenas ônus da construção. Com a pesquisa de campo, percebemos, ainda, que a população não relaciona os problemas enfrentados às obras da hidrelétrica – foi-lhes retirado o direito à informação. É urgente a demanda por energia limpa, sem sangue da população pobre.


Palavras-chave


Hidrelétrica, conflito socioambiental, Altamira

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