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Sociologia no Ensino Médio: Heteronormatividade no âmbito Escolar
Tamirys Claudino Bica, Rosimeri Aquino da Silva, Leonardo Zanchetti Meneghini

Última alteração: 19-09-2018

Resumo


A construção de gênero não é natural, nem dada, é uma construção cultural, porém, “a compreensão de que gênero e sexualidade são culturalmente construídos e não naturalmente dados não é imediata. Gênero e sexualidade, assim como o próprio corpo, parecem simplesmente estar lá, inscritos numa determinada anatomia, numa determinada região do cérebro ou, ainda, em alguma interioridade psicologia inata”. Portanto supõe-se, que o indivíduo já tenha nascido com seu gênero e sua sexualidade e, nesta suposição há a maneira correta de se portar de acordo com cada uma das suas opções pré-determinadas, ou você é uma fêmea e deverá se portar como uma mulher, ou é um macho e deverá se portar como um homem. O objetivo desse trabalho é descrever os resultados parciais do acompanhamento de alunas transgênero durante o estágio curricular de uma Escola Pública de Ensino Médio - EJA, na zona Leste de Porto Alegre durante o primeiro semestre de 2017. O estudo fora realizado a partir de referências e conceitos obtidos principalmente das autoras Judith Butler e Guacira Lopes Louro. Durante o estágio curricular a aluna Raquel (nome fictício), fazia parte de uma turma de terceiro ano. Raquel causava desconforto com sua presença marcante e excêntrica. Seu comportamento e aparência causavam constrangimento. Ela sofria críticas incisivas por seu comportamento, principalmente a sua aparência que causava desconforto e era considerada vulgar, tanto por discentes como por docentes. Raquel não estava dentro dos padrões da norma de beleza, estava acima do peso, usava uma peruca pois era careca, e sua peruca não parecia um cabelo natural, sua voz era grave e ela tentava deixá-la o mais doce possível, mas ainda assim era possível notar que todos a viam como uma tentativa de “ser uma mulher” e não como uma mulher de fato. Raquel estava passando pelo processo de transição então seu nome social começou a valer um tempo depois que eu já era sua professora, mas por respeito sempre a chamei pelo nome que ela pediu. Todavia, os demais professores ainda a chamavam pelo nome de registro, os colegas faziam piadas e ela estava sempre em constante julgamento por todos. A partir do que foi observado durante o período considerado pode-se dizer que a heteronormatividade atinge todos os âmbitos, todos os gêneros, todas as sexualidades. Ela está riscada no nosso modo de agir, de andar, de falar, de se vestir, de se portar. Toda a mídia que assistimos, os assuntos nos quais falamos, as nossas comparações amplamente repetidas em diálogos cotidianos como “isso é coisa de homem”, “mulher é tudo igual”. Tudo está carregado de um padrão heteronormativo, independente de qual seja minha opção sexual. Mesmo alguém que se descobre transsexual, recorre a algumas performances para que possa definir seu gênero e apresentá-lo socialmente.

Transgênero; Heteronormatividade; Escola.


Palavras-chave


Transgênero, Heteronormatividade, Escola