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A escola de princesas e a constituição da identidade feminina
Nicoli Peroza Ramos, Patricia Ignácio

Última alteração: 30-09-2017

Resumo


Os filmes tem grande influência na constituição do sujeito. Sabendo que ele também é um meio que transmite ensinamentos, temos que os filmes da Disney têm orientado crianças e adolescentes como ser mulher na sociedade. Considerando que, na maioria das vezes, a personagem principal é uma princesa, essas narrativas estabelecem modos de ser e estar como tal. Além das práticas vistas nos filmes, hoje, contamos com mais um meio que contribui para a constituição de princesas no mundo real: A escola de princesas. Em outras palavras, as crianças e adolescentes contemporâneas podem não só adquirir produtos que as caracterizem como parte da realeza, elas podem ter uma “formação” que as transforma em “princesas de verdade”. Partindo desse entendimento e em conjunto com as leituras realizadas durante a pesquisa “Lições de consumo nas práticas discursivas escolares - a Pedagogização do consumo em sala de aula e o governamento dos sujeitos escolares para o consumo” - orientada pela professora Dra. Patrícia Ignácio –da qual faço parte, também utilizei autores como Bauman(2009), Sarlo(2006), Steinberg(2001), que discutem como os meios de comunicação e a sociedade de consumo interferem na formação do sujeito. A escola de princesas é um projeto criado para transformar meninas com idade entre 4 e 15 anos em princesas reais. Ela oferece cursos que capacitam os indivíduos a conduzir suas vidas de acordo com os princípios e valores de um membro da realeza. Para o desenvolvimento deste estudo, analisamos os possíveis ensinamentos do curso “vida de princesa”, para identificar os aspectos que capacitam as meninas como uma princesa na sociedade atual. As análises nos mostram que o curso é dividido pela idade das crianças/adolescentes e por módulos (básico, intermediário e avançado), que segundo a instituição aborda assuntos pertinentes a idade das participantes. A formação tem o objetivo de ensinar: a identidade, relacionamento, etiqueta, estética e castelo de uma princesa, além de possuir um módulo destinado a ascensão para rainha.  Alguns dos ensinamentos abordados pelo curso são referentes a:  instrução cultural(arte/literatura), boas maneiras e postura corporal, etiqueta à mesa (em chás, lanches, do almoço do dia-a-dia em família aos jantares de gala), beleza – cabelo e maquiagem, moda – roupas e acessórios, educação financeira, prendas de princesa (corte e costura, culinária básica, lavanderia, primeiros socorros, etc), à espera do príncipe (como se guardar), ser a “passageira” ou a “eterna”?, entre outros. Com isso, podemos perceber que a escola de princesas capacita e constitui o sujeito como uma princesa/mulher na sociedade atual, produzindo sua identidade a partir de objetos, estilos e comportamentos que os adequam a um padrão dito da “realeza”. Visto que estes aspectos (con)formam a identidade feminina contemporânea preocupada com o as aparências.


Palavras-chave


Escola de princesa; Identidade feminina; Estudos culturais.

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