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“Não fala assim comigo que não sou tuas negas”: reflexões sobre erotização, racismo e resistência negra no contexto brasileiro.
Carolina Salgado de Souza, Kathlen Luana de Oliveira1 *

Última alteração: 17-10-2016

Resumo


O presente texto investigará sobre discursos e representações da mulher negra no contexto brasileiro, debatendo a relação entre erotismo e racismo. Num primeiro momento, serão apresentados aspectos históricos que sedimentaram um racismo específico sobre o corpo e a identidade da mulher negra no Brasil. Como salientou Giacomini (1988), a exploração sexual do corpo da mulher negra, no período da escravidão, se constituiu no culto à sensualidade da “mulata”. Isso serviu como “função justificadora” aos ataques sexuais e estupros que vitimavam as escravas. O corpo da mulher negra foi tornado um objeto de prazeres e de exploração de sua força de trabalho. Num segundo momento, será verificado como essa marca histórica persiste na atualidade em formas de representação e compreensão da identidade negra na cultura brasileira. Verificar-se-á como a cor da pele se tornou um marca racial e social que é usada como justificativa para violências enraizadas. Para isso, se utilizará o referencial teórico de Lélia Gonzalez, a qual aborda racismo e sexismo na cultura brasileira e Mariza Corrêa, a qual debate sobre a invenção da mulata. Por fim, o texto buscará evidenciar lutas das mulheres negras pela desconstrução desse paradigma histórico, num processo de construção de identidades negras descolonizadas do erotismo e da exploração do corpo e do trabalho. Este texto é uma subdivisão do projeto de ensino “Direitos humanos: história, gênero e diversidades”, especificamente, centraliza na luta contra todas as formas de racismos que incidem na consciência de direitos e na compreensão de violências e violações existentes no cenário brasileiro sofrido pelas mulheres negras. Nesse sentido, como conclusões parciais, é possível perceber a construção histórica que estrutura violências, que são naturalizadas e moralizadas, isto é, nas discussões sobre racismo e sexismo, o senso comum tende a culpabilizar os próprios sujeitos que sofrem a violência. Cabe, assim, a importância da desconstrução dessa violência e evidenciar que as lutas de coletivos de mulheres negras desempenham a construção dos direitos humanos, rompendo com esses processos históricos que silenciam, invisibilizam, exploram, inferiorizam.


Palavras-chave


Mulher negra. Erotização. Identidade.

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