Última alteração: 14-02-2022
Resumo
A conservação das florestas nativas tem importância na continuidade da vida no planeta, mas depois de cinco séculos de devastação no Brasil, pouco resta do bioma Mata Atlântica, o que abalou muito a segurança alimentar dos povos indígenas, dentre outras causas. Esse trabalho visa contribuir com a conservação do bioma Mata Atlântica nas terras indígenas da Região do Alto Uruguai, pela produção e distribuição de mudas de árvores frutíferas nativas em embalagens biodegradáveis. Para isso, coletou-se amostras de sementes de plantas frutíferas para testar a durabilidade de dois tipos de embalagens: papel (pipoca de micro-ondas) e cartão (rolos de papel higiênico). Sementes de tangerina Poncã (Citrus reticulata Blanco) e nêspera (Eriobotrya japonica Lindl), abundantes no mês de agosto, quando iniciaram os testes, foram plantadas nas embalagens de papel e cartão. Para a embalagem de papel, os experimentos indicaram que antes da germinação já houve o comprometimento da sua integridade (13 dias), o que impossibilitou levar adiante o ensaio. As embalagens de cartão foram mais resistentes (87 dias), porém não foi o suficiente para cultivar as mudas, sendo necessário um tempo mínimo de 4 meses. Enquanto as embalagens de papel e cartão eram testadas, sementes de plantas nativas foram coletadas e cultivadas em sacos plásticos, para garantir a entrega das árvores o mais breve possível. As seguintes mudas foram distribuídas nas Terras Indígenas de Ventarra e Mato Preto, onde vivem cerca de 500 pessoas, no Município de Erebango: 14 araucárias (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze); 6 pitangas (Eugenia uniflora L.); 2 guabijus (Myrcianthes pungens (O.Berg) D. Legrand); e 2 maracujás silvestres (Passiflora actinia Hook). Em conversa com os caciques, identificou-se que em Mato Preto não há araucárias e em Ventarra um vendaval derrubou a maioria, em anos passados. Assim, o trabalho contribuirá para o reflorestamento e diversificação da alimentação dos povos indígenas da região.