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Entre cores e letras, roupas e canções, entremeado tom de protesto do Movimento Tropicalista Brasileiro
Última alteração: 19-09-2019
Resumo
Historicamente, entre tradição e renovação, o tom de protesto vem ganhando contornos, repercutindo notas e discursos, entre diferentes formas e cores, o corpo-linguagem alinhavando tessituras. Frente à toada engajada do Movimento Tropicalista Brasileiro, este artigo se propõe analisar, em contraste e diálogo, trechos representativos das canções do disco-manifesto, recaindo sobre o mosaico de cores que compõem o conjunto das letras, o interesse analítico da nota protestante. Em uma ponta, retalhos composicionais, de outra, a vestimenta, que coloriu o movimento em notas de protesto, alinhavando o diálogo que o tom das cores promove no contexto do movimento vanguardista. Através de um apanhado bibliográfico, a partir de um corpus representativo, composto por trechos das canções e pela vestimenta tropicalista, esta pesquisa se ocupará da trama teórico-analítica, cuja relevância recai no estreitamento do diálogo entre as áreas do conhecimento, moda e canção, consideradas, aqui, como campos promotores da contracultura. Para tanto, pelo viés do sentido, os pressupostos teóricos de Gilles Lipovetsky (2009), em seu texto O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas, e as reflexões fundadoras do movimento musical de Caetano Veloso (2008), através de Verdade Tropical, contribuirão para o estreitamento dialógico, de onde a palheta de cores entoará a partitura contraventora, fazendo soar o discurso em amarrações sócio-históricas, em uma espécie de militância das cores, moda e canção, roupas e letras, a toada tropicalista de protesto. Como ponto de chegada, esta investigação encontrará nos diferentes tons das palavras e dos tecidos, o revestimento do dizer que os fios discursivos vão entremeando, revelando a cor-rebeldia, a cor-refúgio, a cor-dor, insubmissão e voz, a cor que fala ‘na’ e ‘pela’ ramificação colorida da discursividade-manifesto. O preto das roupas representando a luta no luto de Mamãe coragem; o colorido, vermelho, amarelo, azul, na festa silenciada de Panis et circencis; o vermelho sangrando o amor que não veio em Lindonéia, composição feita de luz e sol na noite negra e cinza, cor da bala amarga e fria dos fuzis da ditadura.
Palavras-chave
Moda; tropicalismo; lipovetsky; cor; protesto
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