Este estudo é resultado das reflexões acerca de uma prática pedagógica com alunos do 4ª ano do Ensino Fundamental de uma escola pública da Rede municipal de Ensino de Novo Hamburgo-RS. A proposta pretendeu utilizar o teatro, pensado como uma Pedagogia Cultural, para modificar o final feliz de um típico conto de fadas, propondo diferentes modos de ser menina e menino, destoando do repertório de possibilidades ensinado nas histórias de príncipes e princesas. A partir desta prática, os alunos puderam refletir sobre as relações de Gênero imbricadas nas histórias infantis e o modo como estas ensinam a ser homens e mulheres, e a ocupar determinados lugares dentro da sociedade. A partir do trabalho desenvolvido, evidenciaram-se significativas aprendizagens acerca das relações de Gênero entre os estudantes, demonstrando que estes passaram a compreender novas possibilidades de ser/estar na escola e no mundo. Este estudo se insere na perspectiva dos Estudos Culturais, mais especificamente nos Estudos de Gênero, pois compreende que do mesmo modo como as relações são construídas no âmbito educacional precisam ser problematizadas e reconfiguradas a fim de desmanchar velhos nós, existentes na escola, que se sustentam a partir de normas e padrões de comportamentos compreendidos e ensinados para serem seguidos por homens e mulheres. Nesse sentido, o trabalho aqui desenvolvido propõe reflexões também no que se refere as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores: que práticas pedagógicas estamos desenvolvendo com nossos alunos? Quais os modelos de sujeitos estão sendo propagados pelas histórias que estão sendo contadas na escola? São questionamentos propostos aos docentes a partir da construção deste trabalho.

O teatro representou só o início de importantes modificações que puderam ser constatadas nas atitudes, nas relações dos alunos, em suas produções escritas. As problematizações buscaram, principalmente desacomodar papéis estabelecidos para meninos e meninas em função de sua sexualidade, além disso, promover a igualdade de Gênero e desmanchar estereótipos construídos por práticas equivocadas que perpassam a cultura, e que também está na escola.