Portal de Eventos do IFRS, 1º Seminário Diversidades - Saindo das Caixas - NEPEGS/IFRS-POA

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A gestão educacional e as “políticas” de enfrentamento à homolesbotransfobia: o contexto da prática
Julian Fontoura, Josiane Carolina Ramos

Última alteração: 23-10-2017

Resumo


Da mesma forma que alguns grupos sociais acabam tendo as suas vozes dentro do Estado democrático silenciadas, tornam-se muitas vezes invisíveis dentro do campo político-social, a Escola – de forma voluntária ou não – (re)produz este modelo, desconsiderando, muitas vezes, a presença da diversidade que é parte constituinte do espaço escolar. Esta diversidade se coloca a partir de diferentes arranjos e presenças sociais no espaço educativo, como os negros, moradores de favelas e loteamentos, grupos indígenas entre outros. Destes, um grupo em especial chama atenção em função de sua trajetória histórica de discriminação e exclusão dos seus direitos fundamentais, incluindo o direito a educação: gays, lésbicas, travestis e transexuais. A escola que deveria ser um local no qual o educando exercita a participação, apropriando-se de valores, crenças, conhecimentos acadêmicos e referenciais sócio-históricos, além de potencializar processos de construção de uma consciência reflexiva, em muitos casos, acaba por negar a estes sujeitos essa possibilidade, reforçando ainda mais a ideia de reprodução do modelo excludente de sociedade. O estudo aqui apresentado é um recorte da pesquisa “As Práticas de Gestão Educacional e as Políticas de Enfrentamento a Homolesbotransfobia no Espaço Escolar”, que objetivou compreender de que forma as práticas de gestão educacional estabelecidas no interior de escolas eram ressoantes as suas políticas de combate a homolesbotransfobia, tendo como ponto de partida a experiência vivenciada dos diferentes sujeitos da comunidade escolar. Os dados aqui expostos trazem para a reflexão a forma como as práticas de gestão implementada nas escolas participantes da pesquisa – de forma associada aos seus planos, projetos – se colocam junto ao enfrentamento a homolesbotransfobia. Na produção dos dados, levando em consideração a natureza deste estudo, utilizamos da abordagem qualitativa na compreenção do fenômeno, a partir da metodologia da Abordagem do Ciclo de Políticas, evidênciando o contexto da prática na articulação entre os documentos legais e a prática experienciada/vivênciada pelos sujeitos da escola. Como resultados, percebemos que as práticas de gestão no enfrentamento a  homolesbotransfobia, são reduzidas a  ações pontuais e isoladas, muitas vezes de caráter punitivo, de forma não articulada a programas, projetos e/ou políticas de combate a preconceitos e discriminação. Um aspecto evidenciado neste estudo é a forma como a gestão educacional é vista e percebida pelos sujeitos do espaço escolar, nesse sentido as diferentes concepções de educação e formação acabam, por muitas vezes, reforçando as diversas pedagogias discriminatórias, a partir do silêncio, da ausência e muitas vezes da indiferença dos gestores.


Palavras-chave


Gestão Educacional; Homolebostransfobia; Educação Básica