Última alteração: 31-10-2017
Resumo
O desempenho dos estudantes nas ciências, notadamente em Física vem caindo desde o final da década de 90 até o presente. Uma sólida formação na área de exatas é estratégica para o desenvolvimento de um país. Neste trabalho objetivamos mostrar que esta queda, que se dá, entre outros fatores, pela diminuição da carga horária na disciplina de Física com o consequente aumento de conteúdo. Neste período houve um acréscimo de aproximadamente 20% em conteúdo nos livros de Física no âmbito do Ensino Médio com a inclusão de tópicos atuais sobre Óptica Física, Física Moderna e Teoria da Relatividade. Entretanto, as políticas educacionais adotadas pelo estado pós LDB de 1996 para reformular o Ensino Médio, tendo seu ápice com o Ensino Médio Politécnico decidiram por uma humanização dos currículos sem levar em conta a demanda de desenvolvimento de novos cérebros nas ciências e nas engenharias, áreas cruciais para o desenvolvimento do país. A metodologia empregada para isso foi: visitação/questionário com professores lotados na disciplina de Física de doze escolas estaduais de oito municípios da região de Bento Gonçalves/RS (de fato foram feitas visitações em cerca de dezoito escolas, porém só fomos recebidos por doze escolas); visitação aos laboratórios das escolas e entrevista com as direções das escolas. Foram realizadas fotografias dos laboratórios com consentimento das direções das escolas. A partir da coleta de dados constatou-se que, em relação aos laboratórios, constatamos que: em 45% das escolas os laboratórios eram somente de Informática, 10% de Química e 45% de Ciências. Em dez escolas, a carga horaria média para a disciplina de Física era de duas horas semanais. Os resultados confirmam que a carga horária da disciplina de Física é insuficiente para abordar toda a matéria de Física do Ensino Médio, pois, todos os onze professores entrevistados alegaram esse problema. Também constatamos que cerca de metade dos professores que lecionavam a disciplina de Física eram licenciados em Física. Essa última constatação vai de encontro às diretrizes do MEC para os cursos de licenciatura, uma vez que são exigidos uma vasta carga horária pedagógica e de formação específica que não é respeitada pelos estados e municípios na hora de alocar os professores nas disciplinas. Há correlação entre os resultados desta pesquisa e os sucessivos baixos índices registrados, desde 2000 até o presente, pelo Brasil em instrumentos nacionais e internacionais de aferição de qualidade da educação e ensino de Matemática, Ciências e Português como PISA, Saeb e Ideb. Dentre outros fatores tais como baixos investimentos em infraestrutura, salários defasados na educação básica, baixa motivação.