Última alteração: 07-11-2022
Resumo
Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa sobre neologismos realizada ao longo da disciplina de Produção do Léxico do curso de Licenciatura em Letras do IFRS – Campus Bento Gonçalves. Considera-se como neologismo a criação de uma palavra nova, a atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente na língua, ou ainda o empréstimo de uma palavra originária de uma língua estrangeira. Para realizar um estudo aprofundado a respeito do tema, uma das atividades de pesquisa proposta na disciplina foi o Observatório de Neologismos, que consiste na busca por possíveis neologismos em textos publicados em jornais ou revistas durante um período de tempo previamente delimitado. O desenvolvimento do Observatório tem como objetivo aprimorar o conhecimento a respeito dos processos de formação de palavras neológicas em língua portuguesa, verificando em contextos reais de uso da língua quais são os processos formativos mais comuns, quais prefixos e sufixos são mais produtivos, de quais línguas estrangeiras provém os empréstimos lexicais e a quais necessidades comunicativas as novas palavras estão atendendo. No que se refere à metodologia, primeiramente escolheu-se um veículo de comunicação de relevância nacional, em seguida dois de seus colunistas, e, por fim, estabeleceu-se o intervalo de tempo no qual os textos deveriam ser retirados para análise. Para este trabalho, optou-se por analisar todos os textos publicados entre maio e julho de 2022 nas colunas de Duda Monteiro de Barros (Coluna Virou Viral) e Fernando Schüler (Coluna do Fernando Schüler), ambos da revista Veja. Após a escolha das colunas, procedeu-se à leitura cuidadosa dos textos, a fim de identificar os candidatos a neologismo, ou seja, qualquer palavra que despertasse um sentimento de novidade. Os candidatos a neologismo foram registrados em uma ficha neológica, que continha informações como localização, contexto de ocorrência, definição no contexto, definição no VOLP, Houaiss, Aurélio, Aulete Digital e conclusão. Para definir se uma palavra seria considerada ou não um neologismo, utilizou-se o critério lexicográfico, segundo o qual deve-se considerar neologismo palavras que não estejam registradas nos dicionários mais representativos da língua em questão. Após a consulta aos dicionários Houaiss, Aurélio e Aulete Digital, os candidatos que efetivamente se confirmaram como sendo neologismos foram separados em neologismos formais (palavras novas e empréstimos de outras línguas) e em neologismos semânticos (palavras empregadas no texto em sentido diferente do que consta nos dicionários), além de terem sido detalhadamente analisados com relação ao tipo de processo formativo. Como resultados, dos 82 candidatos selecionados, apenas 60 se confirmaram como sendo neologismos, dentre os quais 55 foram classificados como neologismos formais e 5 foram classificados como neologismos semânticos. Quanto ao processo de formação, observou-se que a maior parte foi formada por derivação. Considera-se que este trabalho contribui para a área de estudo de neologismos e processos de formação de palavras, pois evidencia, a partir de textos reais, os mecanismos linguísticos utilizados para a renovação do léxico da língua portuguesa, bem como sua capacidade de atender às demandas comunicativas dos falantes.