Última alteração: 02-12-2022
Resumo
Este estudo percebe a literatura como instrumento de preservação da memória e busca evidenciar seu papel na construção de estereótipos, principalmente no que tange às minorias. A narrativa As vítimas do bugre, de Matias José Gansweidt, objeto do estudo, pode ser analisada pelo viés da Literatura de Memória, pois atenta e descreve momentos da história relatados por Jacó Versteg ao autor, o qual se vale também de depoimentos de outras pessoas que vivenciaram parte das situações narradas. No período em que o Brasil era ainda um império, era de grande interesse do governo central povoar as áreas mais remotas do país, de modo a impedir a ocupação ou invasão das terras por outras nações interessadas e, também, para tornar produtivas as mais diferentes regiões. Para tanto foi incentivada a imigração de colonos europeus. Na presente análise, o foco está nas interações entre os primeiros colonos alemães a chegarem ao sul do Brasil, mais precisamente ao Rio Grande do Sul, na região que hoje corresponde ao Vale dos Sinos, e os indígenas que habitavam o local. A princípio, a promessa que os colonos alemães ouviram do governo imperial era a de que receberiam um lote de terras desocupado. Entretanto a região era habitada por grupos indígenas, os Kaingang. O contato e a relação entre povos nativos, tratados pelos imigrantes como “bugres”, e os povos colonizadores foi bastante problemática. Os indígenas e suas práticas são descritas no livro como sendo bastante violentas, e os próprios Kaingang são narrados como cruéis e desprovidos de moral. Sobre o personagem principal, Luís Bugre, se projeta com maior intensidade o preconcieto e discriminação apresentados na obra por parte dos colonizadores. Este estudo tem relevância social pois atenta para a construção e manutenção de estereótipos sociais.