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As paredes da invisibilidade da autoria negro brasileira vêm sendo, aos poucos, derrubadas por um movimento crescente de publicações que dão voz a um grupo silenciado pelo racismo. Este trabalho dá continuidade a análise da produção literária encontrada em levantamento inicial para verificar que representações e problemáticas vêm sendo construídas por literatos gaúchos que se predicam negros, objetivando dar visibilidade a esses discursos e transformar as comunidades negras em sujeitos de sua própria História. A análise de obras em prosa de autoria negra, publicadas nas últimas décadas (2000 a 2020) aponta para uma transmutação da imagem e do espaço destinado ao negro ao longo da história por autores brancos. Como objeto de reflexão foram selecionadas as obras Perciliana e o pássaro com alma de cão (2006), de Luiz Horácio; Século XIX, Uma história recuperada (2012), de Maria do Carmo Santos; O avesso da pele (2020), de Jeferson Tenório; Marrom e Amarelo (2019), de Paulo Scott; A manipulação das ostras (2020), de Luiz Maurício Azevedo; e Os Supridores (2020), de José Falero. A partir de uma perspectiva metodológica qualitativa, ancorada nas teorias pós-coloniais e nos estudos culturais, as análises procuram identificar, observar, compreender e descrever os fenômenos e as representações culturais presentes nessas obras, refletindo criticamente sobre as seguintes categorias narrativas: personagem, espaço e enredo. Para além dos atos de resistência, crítica e consciência, os literatos negros gaúchos da atualidade produziram trabalhos que apontam as múltiplas experiências da identidade negra. Os produtos literários contemporâneos, sobretudo as obras dos literatos que se predicam negros, indicam um despontar de consciência e atitudes sociais que movimentam o coletivo gaúcho, apresentando um universo de significações que está sendo recontado de maneira mais legítima.

Autoria negra; Literatura gaúcha; Literatura contemporânea;