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Gênero na educação profissional e tecnológica: participação das mulheres em um curso técnico em mecatrônica
Ana Beatriz Tubino, Nayane de Castro Diaz, Laís Basso, Marcus Eduardo Maciel Ribeiro (Coorientador), Nei Jairo Fonseca dos Santos Junior (Orientador)

Última alteração: 07-10-2019

Resumo


Vivenciamos no país uma ascensão conservadora, que dentre outras marcas, traz consigo a descredibilização dos movimentos feministas e de gênero, e exclui o tema da diversidade de planos educacionais. A concentração expressiva de mulheres e de homens em alguns percursos profissionais é um fenômeno histórico e culturalmente compreendido com certa passividade. Partindo da ideia de que a permanência e o êxito das mulheres em cursos técnicos são desafios ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, propomos investigar a realidade de desigualdade na qual os estereótipos de gênero influenciam as escolhas das formações profissionais das estudantes. Pesquisaremos a participação das mulheres no contexto do Curso Técnico em Mecatrônica, do Câmpus Avançado Intermediário Novo Hamburgo. Consideramos como horizonte para nosso projeto a noção de que o gênero não é fruto da natureza, é uma construção social e histórica, que atribui modos de existir a mulheres e homens a partir de critérios, como as diferenças entre os sexos biológicos, estabelecendo dois gêneros; o feminino e o masculino. Propomos, a partir de uma discussão cultural sobre o mote do feminismo, a realização de uma investigação a respeito da participação das mulheres no contexto do Curso Técnico em Mecatrônica, do Câmpus Novo Hamburgo. Nosso horizonte teórico, amparado nos escritos de pensadoras, tais  como Simone de Beauvoir, Angela Davis, Judith Butler e Djamila Ribeiro, apresenta a teoria política feminista na perspectiva de uma corrente plural e diversificada, que investiga a organização social tendo como ponto de partida as desigualdades de gênero. Pretendemos com essa investigação refletir e propor ações, no IFSul, partindo da hipótese, que, a despeito de suas pretensões democráticas, igualitárias e inclusivas, ainda naturaliza e reproduz assimetrias e relações de dominação. A educação ofertada na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica tem o compromisso de empreender uma formação vinculada a um projeto democrático, comprometido com a emancipação dos setores historicamente excluídos; uma educação que assimila e supera os princípios e conceitos da escola e incorpora aqueles gestados pela sociedade organizada. Partindo da dinâmica de que a comunidade educa a própria escola e é educada por ela, nosso problema de pesquisa ampara-se na desconstrução/reconstrução de conceitos. A justificativa dessa pesquisa está fundamentada nas discussões teóricas e na prática política para o feminismo, ou melhor, para os feminismos, uma vez que a pluralidade de abordagens é uma das características que esse projeto procura respeitar. Nosso objetivo é promover, na comunidade acadêmica, um debate fundamentado sobre as alterações, iniciadas na segunda metade do século XX, que levaram a revolução feminina a modificar os comportamentos e o mundo do trabalho. Compreendemos que a razão de ser do IFSul não é formar um profissional para o mercado, mas sim um cidadão para o mundo do trabalho – uma pessoa que possa escolher sobre a sua trajetória profissional, isso significa superar os preconceitos de classe, gênero e raça. O que simboliza a participação das mulheres estudantes e professoras em um curso técnico em mecatrônica? Nossos resultados parciais sinalizam que a filosofia feminista está inclinada para a desconstrução de categorias como sexo, raça e gênero, na perspectiva de ruptura com as individualidades postas sob o controle masculino. Como considerações finais, sublinhamos que a noção de feminismo não é um pensamento homogêneo. A pensadora Judith Butler dissocia o amor das tensões entre homens e mulheres, desconstruindo o paradigma binário e da heterossexualidade.

 

 


Palavras-chave


Feminismo; Relações de Gênero; Educação Profissional e Tecnológica; IFSul; Mecatrônica

Referências


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