A mostra empreendedora no campus Restinga é uma das atividades realizadas pelo Programa Despertar, programa de extensão que busca promover o empreendedorismo em nosso campus. O programa foi registrado como tal em 2016, a partir de quatro linhas de ação: desenvolvimento de conhecimentos empreendedores, experiência prática, aproximação com as ideias do mercado e a renovação dos processos de ensino aprendizagem, na intenção de corroborar com atividades que já vinham sendo desenvolvidas desde 2012. A mostra empreendedora - a ação é anterior a constituição do programa - têm por objetivo evidenciar e compartilhar ideias, propostas que envolvam qualquer especificidade de empreendedorismo, pois o Despertar compreende esse como transversal a múltiplas áreas de conhecimento e atuação. Ainda, através da interatividade proporcionada durante o evento, visa fortalecer iniciativas de projetos, bem como sua ampliação e união, possibilitando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Tradicionalmente tomado como um tópico pouco provável de ser tratado no âmbito escolar, pois à primeira vista, possuem valores essencialmente antagônicos, de acordo com Aguiar(2013), passou a ser trabalhado em instituições de ensino na segunda metade do século XX e cada vez mais tem conquistado espaço e tendo a importância destacada no desenvolvimento de seus alunos como pessoas, profissionais e pesquisadores. Inserida nesse novo contexto de quebra de barreiras entre mundo acadêmico e empresas, que encontra-se em plena expansão, a mostra empreendedora torna-se um espaço que  colabora com as demandas de incentivo às ideias e compartilhamento das mesmas, agregando empreendedorismo, inovação e criatividade, em suas diversas vertentes, estimulado pelo campus por meio de componentes curriculares nos cursos ou atividades de pesquisa e extensão, sendo exposta para a comunidade interna e externa, criando um ambiente de troca de conhecimentos e visões de mundo. O evento ocorre em dia pré-determinado, com regulamento específico, onde tanto a comunidade interna quanto a externa podem se inscrever. Os professores, técnicos bolsistas do campus são contatados para que possam apresentar seus projetos, trocar ideias e até podendo formar novas parcerias. Cada turma do campus recebe uma visita dos bolsistas divulgando a Mostra e as regras, e muitas vezes os trabalhos são desenvolvidos em diversas disciplinas, em grupos ou não. Os trabalhos que atendem aos critérios são homologados pela comissão e no dia do evento recebem um espaço para apresentar seus trabalhos para o público, bem como para dois avaliadores e assim concorrendo para as premiações “destaque”. Após compiladas as notas dos avaliadores, os resultados são divulgados e os troféus entregues. Como ocorre a apresentação da proposta é decisão exclusiva dos envolvidos nessa, sendo que a comissão organizadora proporciona espaços – stands identificados com os nomes das submissões -, acesso a tomadas elétricas e rede de internet sem fio. Há quem apresente resultados de seus experimentos através de dados e/ou produtos finais, demonstrações ao vivo para o público ou produções em diferentes mídias, além da, sempre presente, exposição oral.  As iniciativas inscritas, além de se tornarem de conhecimento de um grupo maior - o que, na maioria das vezes, contribui para o amadurecimento de ideias - são avaliadas aleatoriamente, cada uma, por dois avaliadores que podem ser servidores, egressos e profissionais ou consultores de diferentes áreas. Os critérios da avaliação são: ideia ou proposta, em que é levado em conta o andamento da proposta, valor agregado e potencial de escalabilidade; criatividade e inovação; apresentação, sendo levado em conta a organização do espaço e dos participantes; viabilidade econômica-financeiro e impacto social. As propostas recebem notas em cada item, podendo serem indicadas como destaque em uma ou mais categorias. As categorias de premiação são: melhor ideia, melhor apresentação visual, destaque escalabilidade, destaque inovação, destaque impacto social e melhor pitch. Os critérios de avaliação e categorias de premiação encontram-se em sintonia com a nova postura esperada, e frequentemente cobrada, do campo do empreendedorismo: responsabilidade social,ambiental, financeira, economia solidária, economia criativa, sustentabilidade. Após a realização do evento, os participantes recebem certificados e respondem a um questionário, avaliando o mesmo. Em sua 8ª edição, grande parte das propostas inscritas pelos estudantes na mostra empreendedora mostraram conhecimento da realidade sócio-econômica - consequentemente, suas limitações - em que o campus e o próprio bairro Restinga estão inseridos. Enquanto a maioria das ideias procuraram contribuir com a descentralização da produção de inovações tecnológicas, apresentando soluções de cunho tecnológico para situações do dia a dia e mostrando que essas não necessariamente dependem de um dispendioso orçamento, outros inscritos preferiram enfatizar o empreendedorismo social voltado a grupos de indivíduos historicamente discriminados - mulheres, negros e LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais  e comunidades relacionadas) - e sustentabilidade ambiental. Esta pode ser uma evidência da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, pois os trabalhos podem ser desenvolvidos em sala de aula, como em atividades de extensão e advirem de pesquisas concluídas ou em andamento; além de gerarem possibilidades e interatividade entre diferentes projetos, estimulando assim a interdisciplinaridade. Ainda que o número de inscritos venha crescendo de maneira contínua a cada edição - em 2018, foi atingida a marca de 42 trabalhos - ao solicitarmos um feedback sobre o evento, ficou claro que 57% dos participantes ainda possuem uma visão direcionada de empreendedorismo voltado especificamente a situações mercadológicas e lucrativas. Para desconstruir essa interpretação constatamos que atividades como as proporcionadas pelo Despertar se mostram de grande importância pois provocam a reflexão acerca do tema e explicitam as variações e possibilidades do empreendedorismo, independente da área envolvida e da interatividade que a inovação, a criatividade e o empreendedorismo podem proporcionar. Essa visão mais abrangente, que contempla diversas interpretações faz do Despertar e da mostra empreendedora uma das possibilidades de demonstração do quanto uma temática pode ser ampla, transversal e contemplar inúmeros públicos também visando desmistificar conceitos por vezes limitantes da potencialidade de estudantes e pessoas que podem não ter espaços amplos onde expor e compartilhar ideias e consequentemente desenvolver potencialidades.

Referências
AGUIAR, R. S. O empreendedorismo em universidades. 2013. Disponível em: <https://www.inova.unicamp.br/noticia/2589/>. Acesso em: 06 set. 2018.