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Análise de cartazes de divulgação de festas: quando o design gráfico vira design de assédio
Elisa Brum Prestes, Larissa Lauxen

Última alteração: 18-09-2018

Resumo


A presente pesquisa refere-se a um trabalho de conclusão de curso realizado por alunas do quarto ano do curso técnico integrado em eventos do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense do Câmpus Sapucaia do Sul no ano de 2018 e teve como motivação as disciplinas de sociologia e espaço e cultural que auxiliaram no desenvolvimento de um pensamento crítico acerca de impactos sociais, econômicos e ambientais e a disciplina de produção gráfica que ensina acerca da construção e elaboração de cartazes. Assim através da nossa trajetória acadêmica e sendo nós grandes sujeitas em potencial ao assédio despertamos o interesse de investigar o porquê do uso desta imagem além do estético. Em nossa sociedade podemos ver a naturalização da utilização da imagem da mulher de forma sexualizada e objetificada. Como exemplo as propagandas de cerveja e automóveis que apresentam a mesma como dona do lar e submissa, não contribuindo com fatores éticos e morais da nossa sociedade pois podem contribuir para uma cultura do assédio que de acordo com a Lei de assédio sexual é definida como crime no Art. 216 do Código Penal como o ato de  "Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função” e de acordo com Freitas (2001) também é o ato repetitivo de desqualificação de um indivíduo por outro. Assim casas de festas noturnas também utilizam esta estratégia de marketing como forma de atrair o público consumidor masculino e assim aumentar seus lucros, portanto a presente pesquisa tem como objetivo compreender a relação do design de cartazes de divulgação de festas em casas noturnas na região do Vale do Sinos com a cultura do assédio. Desta forma, a questão problema é: “Qual a relação do design de cartazes de divulgação de eventos em casas noturnas com a cultura do assédio?” O estudo recorre a princípios da semiótica conceituados por Peirce (2000) e do design emocional (JORDAN, 1999; NORMAN, 2004) para analisar e identificar emoções projetadas nesse público através das formas de uso da representação dos corpos femininos além do estético na elaboração gráfica dos cartazes com fins de marketing. Além de pesquisa bibliográfica constituída em aporte teórico de apoio à pesquisa acerca de Design Gráfico, Cartaz, Semiótica, Design Emocional e Cultura do Assédio, a metodologia da pesquisa, de caráter qualitativa, envolve dimensões empíricas como a análise de cartazes de festas, utilizando os princípios da semiótica relacionados ao design emocional; e, em caráter complementar, duas pesquisas de opinião, uma realizada em redes sociais para identificar se as mulheres vivenciam assédio em festas em casas noturnas; e a outra, sobre que emoções os cartazes suscitam no público que o aprecia como forma de identificar sua relação com a cultura do assédio, tendo como sujeitos da pesquisa mulheres acima de 18 anos que frequentam casas noturnas da região do Vale dos Sinos, como a TR3S NH e Valen Club. Como instrumento de registro, utilizamos o caderno de campo, que está sendo preenchido durante todas as etapas da pesquisa.  Análises parciais indicam que a divulgação pode estar não somente atraindo o público masculino para a festa em si, mas convidando-o ao assédio, considerando a conotação sexual do design gráfico utilizado, insinuando o consumo de um objeto sexual. Discussões de resultados sugerem, portanto, o designer gráfico e a empresa responsável pelo marketing como corresponsáveis indiretos pela perpetuação da cultura do assédio e em casos mais agravantes, a cultura do estupro em casas noturnas. A pesquisa se iniciou em março através de pesquisa bibliográfica, passando pelo levantamento e escolha do corpus, escrita do relatório da pesquisa e análise da imagem dos cartazes selecionados e tem previsão de término em dezembro após correção dos apontamentos da defesa final.


Palavras-chave


Design Gráfico; Cultura do Assédio; Cartaz; Casas Noturnas; Festas

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