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IFRS e práticas educativas com grupo de estrangeiros em Erechim
Thales Ruan Piovezan, Adriana Troczinski Storti

Última alteração: 04-10-2018

Resumo


Este Projeto é composto por ações extensionistas no período de maio a novembro de 2018 e aprovado pelo edital de ações afirmativas, advindo da reitoria do IFRS. As ações visam acolher e educar, especialmente haitianos e africanos que residem no município de Erechim. Estes imigrantes, chegam até o município advindo, muitas vezes de outras cidades brasileiras, mas oriundos de seus países de origem, onde segundo esses imigrantes, carecem de ofertas de saúde e de qualidade de vida. Em busca de novas oportunidades e dessas melhorias de condições individuais e para suas famílias, recorrem a emigração de seus países para o Brasil, vindo Erechim a ser um possível destino, nos últimos anos. Estes estrangeiros vivem uma grande dificuldade todos os dias – o despreparo do conhecimento da língua portuguesa, para poderem assim, buscar trabalho e saúde aqui, aspectos fundamentais para a sobrevivência de uma pessoa em um novo país.

Preocupados com a qualidade de vida destes estrangeiros, considerando a internacionalização e a possibilidade de abertura dos países também adotada pelo Brasil, assim como, respeitando os direitos humanos e a justiça, o IFRS Campus de Erechim procura auxiliar com esta situação atual. Uma vez que levantamentos informais apontam que atualmente, cerca de 60% destes estrangeiros em Erechim estão sem trabalho formal – e isto agravado nos últimos anos pelas demissões ocorridas por parte de várias empresas do segmento construção civil e alimentício. Assim, muitos estrangeiros tinham, e parte ainda tem, a cidade de Erechim como um polo empregador e oportuno para uma vida melhor.

Com base nisso, o projeto objetivou identificar o perfil dos estrangeiros na região de Erechim, considerando nacionalidade, níveis de escolaridade e seus conhecimentos de línguas; auxiliar os estrangeiros em aspectos básicos de língua portuguesa; proporcionar momentos de trocas culturais com comunidade acadêmica do IFRS nos momentos de socialização e cursos que serão ofertados; ofertar conhecimento técnico na área de produção própria de artesanato e precificação destes pela área de gestão, visando futuras ofertas ao mercado local e servir como uma fonte de renda; oferecer minicursos como de informática e fortalecer a imagem do IFRS como uma entidade tecnológica e voltada também para assuntos sociais e preocupados com a ética e direitos humanos.

Para alcançar tais objetivos, o projeto consolidou uma rede, na qual participam oito entidades que possuem suas próprias propostas de atividade, sendo elas de caráter educacional (URI – Campus Erechim, UFFS – Campus Erechim; UERGS – Campus Erechim; Colégio Franciscano São José; Instituto Anglicano Barão do Rio Branco), filantrópico (Cáritas Erechim) e político (Prefeitura Municipal de Erechim e a Câmara Municipal de Vereadores de Erechim), a fim de melhor direcionar as demandas que surgem entre o grupo de estrangeiros e impulsionar a inserção dos mesmos. Também, há sempre o cuidado para que as atividades que o IFRS realiza não conflitam com outras atividades que os estrangeiros já participam rotineiramente, assim, evitando que ocorra dois eventos simultaneamente e, obrigando-lhes a escolher entre uma das ações.

Para tal, o IFRS – Campus Erechim iniciou suas atividades sediando um evento de apresentação para todos os estrangeiros que residem em Erechim, a fim de apresentar-lhes as ações que estavam-se propondo. A reunião contou com a presença de 34 estrangeiros, 8 entidades e duas turmas de cursos do campus, a fim de aumentar a troca cultural e o intercâmbio de ideias. Como relatado pelos alunos, os estrangeiros realmente gostam de Erechim, e em âmbito geral, do Brasil, como notou-se pelo relato de Wilky Prochette, haitiano que reside em Erechim, e hoje cursa Arquitetura e Urbanismo na UFFS – campus Erechim, no qual afirma em fala, que quando uma pessoa sai de seu país e vêm para um outro, começa a ser visto como estrangeiro. Não conhece ninguém. Não conhece o país, mas acha ótimo haver pessoas disponíveis a recebê-los e fazê-los sentir-se os mesmos que eram em seus países.

Nessa reunião fomos questionados quantos a nossa disponibilidade para lecionar aulas de informática básica. A demanda foi atendida, e o curso foi realizado nas sextas-feiras a noite do mês de julho, que contou com a presença de 31 haitianos. Concomitantemente disponibilizou-se auxílio a língua portuguesa e atividades lúdicas para as crianças de estrangeiros, conforme demandavam.

Como maiores pontos de dificuldades, podemos enfatizar o problema de comunicação. Na qual, às vezes, necessitou-se recorrer a língua inglesa ou a presença de outro estrangeiro que traduzisse simultaneamente para o francês, a fim de obter uma comunicação satisfatória.

Para os próximos meses, já estão organizando-se as aulas de francês que serão lecionadas por cinco haitianos que detêm um bom conhecimento no francês e no português, ministradas no IFRS – Campus Erechim para os alunos e servidores. Já as oficinas de costura e produção de pequenas decorações serão realizadas nos meses de outubro e novembro.

Pelo projeto possuir um aspecto social, nos reporta uma realidade muitas vezes esquecida pelo nosso descaso com o próximo. Dentro desse projeto, há a oportunidade de praticar inúmeras áreas de nosso conhecimento, como o diálogo em outras línguas, uma intensa troca cultural que baseia-se em histórias relatadas pelos estrangeiros, na qual, conseguimos nos conectarmos, e assim, exercitamos a empatia. Infelizmente ainda nota-se presente nos relatos dos estrangeiros, um racismo velado com tons de ironias e “brincadeiras”, tais comentários misóginos revelam que a xenofobia e o racismo ainda não foram vencidos. No entanto, estamos nos dedicando a abrir caminhos para os estrangeiros que futuramente aqui viverão.



Referencias

 

BRASIL. Decreto n. 6.975, de 5 e 6 de dezembro de 2002. Promulga o acordo sobre residência para nacionais dos estados partes do mercado comum do sul – Mercosul, Bolívia e Chile, assinado por ocasião da XXIII reunião do conselho do mercado comum, realizada em brasília nos dias 5 e 6 de dezembro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 08 out. 2009. P. 14

 

BRASIL. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. Institui a lei de migração. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 mai. 2017. P. 1.



Palavras-chave


Estrangeiros; Oportunidades; Erechim.

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