Última alteração: 01-10-2024
Resumo
O presente resumo faz parte de uma pesquisa realizada no contexto do projeto Afrocientista. O estudo aborda a chegada dos africanos ao Brasil, o papel principal das religiões de matriz africana na resistência dos escravos, a intolerância, o racismo religioso e estrutural. Na pesquisa, foi apontado o impacto da colonização e do tráfico de africanos escravizados no Brasil, com ênfase no papel fundamental das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, na resistência cultural e espiritual desses povos. Além disso, foi investigado o racismo religioso enfrentado pelos adeptos dessas religiões ao longo da história e a luta por liberdade religiosa no contexto brasileiro. Mesmo após a abolição, os praticantes continuam a sofrer ataques e discriminações, especialmente devido à ascensão do movimento evangélico no país. O estudo se baseia em uma análise qualitativa de fontes históricas, sociológicas e jurídicas, incluindo dados de censos (IBGE), artigos acadêmicos e relatórios sobre a violência religiosa no Brasil. Ele revisita o passado colonial e as práticas de repressão contra as religiões de matriz africana, além de analisar como essas práticas persistem nos dias de hoje por meio de preconceito e racismo. Também foram considerados depoimentos de adeptos dessas religiões e ações jurídicas contra ataques de intolerância religiosa. Na pesquisa, foi abordado o impacto das igrejas neopentecostais na perseguição dessas religiões e como o racismo está interligado à intolerância religiosa, argumentando que a expressão "racismo religioso" descreve mais adequadamente o fenômeno. A terminologia "racismo religioso" reflete a profunda ligação entre as questões étnico-raciais e a discriminação enfrentada pelos adeptos dessas religiões. Através do estudo realizado, é possível concluir que, apesar da luta histórica pela sobrevivência e pela liberdade religiosa, as religiões de matriz africana continuam a ser alvo de ataques no Brasil. Os praticantes dessas religiões enfrentam discriminação tanto nos espaços públicos quanto privados, frequentemente precisando ocultar sua fé para evitar perseguição. A violência contra essas religiões é exacerbada pela discriminação racial, que se manifesta não apenas em ataques físicos, mas também na marginalização cultural e religiosa. Entretanto, a resistência permanece firme, especialmente com o crescente envolvimento dos jovens de terreiro, que utilizam as redes sociais para conscientizar e mobilizar a população contra o racismo religioso. A luta das religiões de matriz africana no Brasil é, acima de tudo, uma luta por reconhecimento e igualdade. Embora tenha havido alguns avanços no campo jurídico, como a responsabilização de igrejas e programas de televisão que promovem discursos de ódio, a sociedade brasileira ainda está longe de garantir uma verdadeira liberdade religiosa para essas comunidades. A resistência contínua dos povos de terreiro demonstra que, apesar dos desafios, suas tradições permanecem vivas e fortes, representando um exemplo de perseverança frente à opressão histórica.