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A ECONOMIA CIRCULAR INTRODUZIDA ATRAVÉS DE CONSUMIDORES VULNERÁVEIS
Iuri Aguiar Rodrigues, Isadora Santos Garcia, Luiza Venzke Bortoli

Última alteração: 08-11-2023

Resumo


Parte expressiva da população brasileira enquadra-se em algum caso de vulnerabilidade, seja social, financeira ou ambas. No presente estudo, buscou-se compreender como consumidores de baixa renda e escolaridade relacionam-se com suas peças de roupa dentro da economia circular, perspectiva em que cidadãos vulneráveis possuem intensa participação. A economia circular é um modelo econômico que propõe a utilização máxima de recursos visando minimizar danos ambientais através do design, reutilização e reciclagem de materiais. Este modelo econômico é discutido há certo tempo, considerando a crescente busca por sustentabilidade em território global. Observa-se, no cotidiano brasileiro, vestígios da pré-existência precária de uma economia nestes moldes através de ações dos consumidores em situação de vulnerabilidade. Averígua-se a considerável participação de pessoas em situação de vulnerabilidade dentro da economia circular, observando o empenho que possuem no resguardo de suas peças de roupa e itens pessoais, fortalecendo a ideia de que uma economia circular é um modelo crível. Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram analisadas transcrições de quatro grupos focais com ênfase em cidadãos vulneráveis de baixa renda e escolaridade. As respostas obtidas foram divididas em quatro categorias, sendo elas: i) “Aquisição de roupas”, onde demonstra-se que a maior parte de seu vestuário deriva de doações e roupas adquiridas de segunda mão, como brechós e afins; ii) “Escolha de roupas” atesta que as duas principais preocupações destas pessoas são “financeiras” ou “individuais”, entretanto, alguns entrevistados indicaram preferências em relação à utilizar roupas que estão na moda, mesmo sendo versões falsificadas, indicando a natureza social que o vestuário implica nas pessoas; iii) na categoria “Economia Circular” torna-se claro que a população vulnerável realiza práticas sustentáveis, muitas vezes de modo corriqueiro, sem a percepção do emprego dessas ações em sua rotina; iv) em “Sentimentos” compreendemos a ligação pessoal das vestimentas com o ser humano, evidenciando que preferências e pessoalidades ocorrem independentemente de status. Torna-se claro a necessidade do engajamento da população para alcançar uma economia circular, pois este modelo fica inviável sem a predisposição do consumidor com a cooperação que um modelo econômico sustentável necessita. Como peça central deste estudo, a população vulnerável brasileira exemplifica o necessário para o alcance de um modelo econômico sustentável em território nacional, enfatizando o ponto central de uma economia circular: a cooperação dos indivíduos para reduzir e extinguir detritos. Entretanto, grande parte desta população realiza atos sustentáveis por necessidade e não por motivações pessoais e sustentáveis, pois sobrevivem de doações e trocas de roupas. É necessária a introdução de educação sustentável e ecológica para o cidadão brasileiro, focando nas ações que os consumidores em vulnerabilidade já realizam e enfatizando a importância que têm dentro de uma economia circular, demonstrando que seus atos podem ser ampliados em escala nacional/social, agregando e diversificando a colaboração para um modelo econômico sustentável. A partir do aprofundamento da temática, o presente estudo busca contribuir para o avanço na implementação de um modelo econômico mais sustentável e futuramente circular, visando a melhora nas condições de vida do consumidor vulnerável.

 


Palavras-chave


Economia Circular; Consumidor Vulnerável; Sustentabilidade