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A IMPORTÂNCIA DA AÇÃO FEMININA PARA A PRÁTICA DA ECONOMIA CIRCULAR EM COMUNIDADES VULNERÁVEIS
Isadora Santos Garcia, Iuri Aguiar Rodrigues, Luiza Venzke Bortoli Foschiera

Última alteração: 08-11-2023

Resumo


INTRODUÇÃO

 

A economia circular tem como prática reduzir a produção de novos produtos no planeta, diminuir a criação de novos resíduos, prolongar a vida útil e reutilizar os produtos que já existem. Porém, essa prática não é uma escolha para todos, pois, muitas vezes, torna-se um processo de subsistência para as pessoas mais vulneráveis. Segundo Monteiro (2018), a economia circular tem como objetivo a reutilização, recuperação, e reciclagem de materiais já existentes no mundo. Substituindo o fim de vida padrão dos materiais, por uma vida mais prolongada. A economia circular tem como objetivo mostrar que os materiais já existentes podem ser úteis e usados por mais tempo, também mostra que o crescimento econômico e aumento de consumo dos recursos podem se reformular.

Uma parcela significativa da população mundial atua no setor informal, impulsionando a prática da economia circular. A população vulnerável realiza alguns trabalhos antes do consumo final, tais como: reparos, reciclagem, manutenção e conserto de objetos e roupas que já existem.

O presente estudo busca aprofundar o conhecimento sobre esse tema e melhor compreender o comportamento de consumo das pessoas de baixa renda e escolaridade no setor de moda.

 

METODOLOGIA

 

Para o desenvolvimento da atual pesquisa, foi analisada a transcrição de quatro grupos focais realizados com esse público, na cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul. Os grupos focais foram gravados e, posteriormente, transcritos. Ao realizar a análise, o conteúdo foi categorizado. A partir das categorizações foi possível visualizar informações e comportamentos dos entrevistados, como: renda per capita, idade, profissão, onde e como consomem as roupas. Foi de grande importância analisar informações dos entrevistados, ver suas características e comportamentos de consumo.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Com a realização do estudo, percebeu-se que a ação feminina tem papel fundamental nos trabalhos que possibilitam o consumo na perspectiva da economia circular. No meio familiar, as mulheres realizam os reparos nas vestimentas, visando prolongar a vida útil das roupas ou transformá-las em novas peças. Quando recebem doação de roupas, as mulheres fazem a logística de consumo, encontrando um destino para as roupas que chegam até elas. Muitas vezes, as peças não servem em seus filhos ou cônjuges, mas podem ser aproveitadas por outras pessoas. Elas realizam diversas tarefas até que as peças cheguem em quem possa utilizá-las. As mulheres restauram as roupas, fazem pesquisa e trabalho de logística para que as peças ganhem um destino útil, e consigam suprir as necessidades de quem precisa. Essas ações ocorrem pelo envolvimento delas com a sua comunidade, não só com a sua família de convívio direto, mas também com parentes distantes e vizinhos. Com isso, percebe-se que a ação feminina tem o intuito de dar um destino final e útil às peças que recebem. Apesar de muitas vezes imperceptível, o trabalho da mulher é fator essencial para possibilitar o consumo em comunidades vulneráveis, além de promover e fortalecer a  economia circular. Segundo Batinga e Pinto (2019), as mulheres carregam o papel de tomada de decisões de consumo nas famílias de baixa renda e baixa escolaridade. Elas têm a grande responsabilidade de utilizar os poucos recursos financeiros que a família possui. A mulher de baixa renda vive em uma condição de vulnerabilidade social e a sua realidade possui desafios para garantir a existência da sua família.

 

CONCLUSÕES

 

Diante disso, conclui-se que a partir do estudo realizado percebe-se características do consumo vulnerável na moda, destacando a importância do papel da mulher neste meio. Segundo Ribas (2007) para dimensionar a vulnerabilidade de uma família ou de um grupo de pessoas, não se pode somente acreditar em dados observados, pois uma das principais características que mede a vulnerabilidade é o bem estar familiar. A figura feminina nesta cadeia de consumo circular é notável e estrutural. No Brasil, as mulheres culturalmente têm a função e tarefa de organizar e zelar o consumo da família, elas são criadas com o pensamento de cuidar e controlar a renda que chega até o seu seio familiar, elas estão a frente no processo de compra, consumo e utilização de roupas.

Segundo os dados coletados nas entrevistas realizadas, podemos perceber o grande envolvimento que a mulher tem com a comunidade, vizinhança onde residem. Elas se envolvem e se preocupam com as pessoas próximas a elas, como se fosse uma extensão da sua família. Sendo assim, elas desenvolvem um trabalho de economia circular e de consumo, os consumidores vulneráveis estão inseridos na economia circular, podendo escolher o que eles consomem ou não, eles participam ativamente deste processo.




REFERÊNCIAS

 

MONTEIRO, M.; Economia Circular. Empreendedorismo Start e Go. v. 20, p. 1-35, 2018.

BATINGA, G.; PINTO, M.; “Lazer?! para mim?!...” - Consumo de lazer por mulheres de baixa renda. Revista Brasileira de Estudos do Lazer. v. 6, p. 78-97, 2019.

RIBAS, R.; Vulnerabilidade à pobreza no brasil: medindo risco e condicionalidade a partir da função de consumo das famílias. Pesquisa e planejamento econômico. v.37, p. 299-343, 2007.




Palavras-chave


Consumo vulnerável; Trabalho feminino; Moda circular