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A partir da segunda metade do século XX, surgiram vários governos ditatoriais na América Latina: este foi o resultado da polarização global que impeliu os países a um alinhamento entre o capitalismo e o comunismo. Países do Conesul, como por exemplo, a Argentina e o Chile adotaram medidas extremas, instaurando ditaduras civil-militares apoiadas por pelos Estados Unidos e implementaram o conceito de “guerra de contra-subversão”, caracterizada pela violência organizada, pela perseguição de “inimigos internos”, o controle das mídias e a corrupção. Essa disseminação de uma cultura do medo é fundamentada no Terrorismo de Estado (TDE), elemento amplamente utilizado nesses governos e que desmoraliza e viola os direitos humanos da própria população do país. Em 1976, na Argentina, acontece o golpe que derruba a presidente Isabel Perón, dando início a ditadura que foi muito marcada pela violência, desaparecimentos e tortura das vítimas. No Chile, em 1973, ocorreu o golpe de estado que colocou à frente do país o militar Augusto Pinochet, ditador que se perpetuará no governo até 1989. Apesar de algumas diferenças entre os golpes de estados nesses países, esse período ficou marcado na história de sua sociedade. Neste cenário, as Histórias em Quadrinhos que retratam essa época servem como uma ferramenta que impede que essas memórias sejam apagadas. A junção da narrativa e da arte faz com que haja uma visão do que aconteceu, sendo possível passar uma mensagem de forma sensível aos leitores. A metodologia empregada envolveu um exame inicial da literatura relevante sobre o tema, visando alcançar uma compreensão mais profunda do cenário histórico das ditaduras militares nos países do Conesul. Além disso, a pesquisa incluiu artigos que fazem referência à utilização de histórias em quadrinhos, bem como às técnicas empregadas na análise dessas fontes. Foram selecionadas duas histórias em quadrinhos que retratam as ditaduras chilena e argentina, para serem lidas e analisadas;  “Os Fantasmas de Pinochet”(2021) e "A Herança do Coronel"(2008).  Os autores dessas obras tiveram muito cuidado com a forma de narrar essas histórias, contando com amplas fontes de pesquisas. Em uma das obras, a ausência de linearidade cronológica traz uma perspectiva que só pode ser percebida nos quadrinhos, por meio do estudo das cores, como, por exemplo, o uso de tons vermelhos para representar todos os eventos sanguinários da ditadura. Na outra obra, temos o uso de um traço cartunesco e com cores mais cinzas que fazem uma metáfora com lembranças da infância. O protagonista dessa obra é marcado por traumas que seu pai, um coronel na ditadura, lhe causou quando pequeno. Portanto, o estudo dessas obras se torna essencial por se tratar de marcas recentes na história e que dificilmente foram esquecidas por suas vítimas. Esse projeto visa que, a partir dessas análises, surjam mais estudos que usem os quadrinhos como fontes e, também, que as memórias das vítimas não sejam apagadas da história pela política de esquecimento.

Terrorismo de estado; Ditaduras; Histórias em Quadrinhos