Última alteração: 14-10-2022
Resumo
Após a revolução verde no campo brasileiro ocorrida especialmente a partir da década de 60, a aplicação de agrotóxicos vem aumentando ano após ano. No Brasil, País do agronegócio, grande exportador e produtor de grãos para um mundo globalizado, não seria diferente. A FIOCRUZ calculou em 2018 que cada brasileiro é “brindado” com 7 litros de veneno agrícola por ano. Além dessa aberração, e ainda resultado do modelo de agricultura convencional, podemos ressaltar a baixa variedade de alimentos, o esgotamento prematuro do solo e uma alimentação rica em produtos ultraprocessados e de cadeias cada vez mais longas. Em contraponto ao modelo de agricultura convencional, que está esgotando a capacidade de auto regeneração dos ambientes, temos a agricultura de base ecológica e suas tipologias, como a agricultura sintrópica, que utiliza do princípio da diversidade de espécies e da produção e colheita de alimentos em vários extratos e sucessivas épocas do ano, aumentando o equilíbrio ecológico, imitando a floresta, ampliando o bem estar físico e espiritual, sem a necessidade de utilização de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos. O Programa EcoViamão desenvolve o projeto de extensão Hortas Escolares Agroecológicas com o objetivo de ser ferramenta viva para trabalhar temas como a segurança alimentar, a cooperação e a educação ambiental dos alunos e do entorno das escolas. Para isso, conta com bolsistas, que visitam as escolas estaduais inscritas semanalmente, e equipe de apoio técnico, logístico e operacional. Utiliza-se na sintropia tudo que o solo pode proporcionar para o desenvolvimento das plantas sem o agredir e degradar. A escolha dos consórcios aposta na biodiversidade de espécies para manter o ambiente equilibrado e saudável, e assim conta com o controle biológico natural das pragas. Os consórcios de plantas utilizadas vai de encontro com as características de clima e solo das regiões, e a escolha das variedades não visa somente o retorno econômico, mas também a produção de biomassa, que vai ser utilizada como adubo natural para potencializar e favorecer o desenvolvimento de outras plantas, algumas de interesse comercial. Temos à disposição um projeto piloto de sintropia no Centro de Estudos Budistas, para formação e mutirões. Em algumas escolas se está preparando áreas para implantar agroflorestas em 2023, como a Canadá, ETA, Açorianos, Santa Isabel, Walter Jobim, Antonio de Sousa Neto e outras. O estudo e a implementação da agricultura sintrópica, se dá de modo lento e gradativo, para que os alunos se habituem com a nova forma de plantar e tratar as espécies. Começamos com um consórcio de plantas convencionais, como por exemplo: alface, rúcula, beterraba, cebolinha e couve; plantadas em espaçamentos determinados para que toda a área do canteiro seja utilizada. O solo é coberto com folhas secas e palhas para evitar a compactação e impermeabilização. Os insetos consumidores das hortaliças são controlados de forma natural, com o auxílio de insetos predadores, ou técnicas de controle biológico. As hortaliças após serem colhidas, são consumidas nas merendas escolares, garantindo a segurança alimentar dos alunos e a propagação de uma agricultura que visa a cooperação e educação ambiental.