Portal de Eventos do IFRS, V Mostra de Pesquisa, Ensino e Extensão do IFRS - Campus Viamão

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Hortas escolares agroecológicas: Segurança alimentar nas escolas indígenas e convencionais
Gabriele Nunes Motta, Claudio Fioreze

Última alteração: 14-10-2022

Resumo


A insegurança alimentar têm sido alvo de grande preocupação social, principalmente nas regiões mais pobres do município e nas comunidades indígenas. Nas escolas o processo de conexão com as hortas e a produção de alimento da terra para as mãos é o meio pelo qual fortalece e desperta o vínculo com a nutrição do corpo e da mente dos jovens. Destacando a importância de modificar o foco das próximas gerações para um olhar sustentável, o Programa EcoViamão (Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica de Viamão e Entorno) desenvolve o projeto de extensão Hortas Escolares Agroecológicas que tem como objetivo promover a segurança alimentar, a cooperação e a educação ambiental. O trabalho é realizado na rede de ensino estadual de Viamão, incluindo as escolas indígenas (E.I) da etnia Mbya Guarani. As visitas nas escolas são realizadas semanalmente (urbanas) e quinzenalmente (rurais) para que se estabeleça um vínculo com as comunidades. O impacto institucional pode ser extremamente positivo quando alinhado ao diálogo com a comunidade no âmbito da troca de conhecimento científico e popular. As especificidades apresentadas por cada escola são consideradas e ouvidas cooperativamente com a equipe interna e externa, buscando agir a partir de ações coerentes com as realidades. Na E.I Karai Arandu/Cantagalo, idealiza-se construir um viveiro, enquanto na E.I Nhamandu Nhemopuã/Itapuã, a comunidade acolheu a ideia de cultivar uma agrofloresta. Nas escolas convencionais, aplica-se o plano de trabalho de construir a composteira, plantio direto, relógio do corpo humano e espiral de ervas, gradativamente, integrando práticas e teorias agroecológicas que nutram o conhecimento científico, florescendo hábitos sustentáveis. Os resultados obtidos de modo abrangente são composteiras construídas, bananeiras e mudas plantadas. Para a elaboração do viveiro foram entregues os saquinhos e vasos para o transplante das mudas da aldeia, também foram entregues plantas nativas como a taquara-mansa e mandioca em parceria com a EMATER (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural). A agrofloresta está progredindo constantemente com as visitas e despertando o interesse das famílias indígenas de Itapuã, foram construídos coletivamente seis canteiros com repolho, alface, cebolinha, salsa, beterraba, entre outros; É notória a transformação comportamental dos alunos que participam do projeto, tais como a mudança de hábitos alimentares, comportamentais (menos violentos) e com maior consciência sobre a temática ambiental.  A problemática da perda de conhecimento e contato com a terra preocupa as lideranças Mbya Guarani, nas escolas indígenas a percepção de tempo é diferente, mais espaçada e dialogada devido ao modo de vida. Felizmente as idas têm sido recepcionadas pelos kyringue (crianças). As hortas representam um processo de transição que transforma a realidade da comunidade mesmo em diferentes etnias, sob o olhar da extensão. Este projeto é uma constante, visto que demanda de um processo de aprendizagem e aplicação das teorias e práticas. Espera-se nos próximos tempos resgatar a prática da agricultura ancestral Mbya Guarani, alinhada aos conhecimentos agroecológicos transmitidos que acrescente saberes inovadores que entrelaçam os diferentes modos de vida, garantindo e promovendo a segurança alimentar.



Palavras-chave


Indígenas; Agroecologia; Segurança Alimentar