Portal de Eventos do IFRS, IV Mostra de Pesquisa, Ensino e Extensão do IFRS - Campus Viamão

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Mulheres no campo: a vivência das trabalhadoras dentro do Assentamento Filho de Sepé - Viamão/RS
Raísa Becker Paprocki, Elis dos Santos Vaz, Karoline Oliveira Duarte, Maria Eduarda Maia de Lima, Natiele Beatriz Didolich de Azeredo, Neilo da Silva Vaz

Última alteração: 04-03-2020

Resumo


O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) surgiu em 1984 como organização da sociedade civil estabelecendo a luta pela reforma agrária no Brasil, atuando nas terras pertencentes aos grandes latifundiários e sem produção qualitativa social e ambiental, conforme determina o estatuto da terra, que é a principal legislação do setor. A questão da reforma agrária se dá a partir do questionamento sobre o direito da exploração das terras do território nacional pertencer a apenas uma pessoa ou um grupo e assim não atender a função social e ambiental prevista legalmente. O objetivo é a democratização do latifúndio, proporcionando às famílias camponesas o direito de exercerem o seu trabalho de base familiar e com o desenvolvimento da agroecologia. Os trabalhadores Rurais Sem Terra se organizam no MST em um período que sucede a ditadura civil-militar no Brasil. Foram estabelecidos projetos de assentamento para servirem como centros estratégicos para a reformulação da questão agrária brasileira. O Assentamento Filhos de Sepé, fundado em 1998 e localizado no município de Viamão, é resultado da desapropriação da Fazenda Santa Fé juntamente com a criação da Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande. Mesmo com sua notável importância por ser o maior produtor de arroz orgânico da América Latina e tendo sua área de proteção para a preservação da biodiversidade do local, não se encontram grandes informações sobre a inserção das mulheres dentro da produção de base agroecológica do Assentamento. Sobre essa falta de visibilidade, encontra-se a importância do conceito ecofeminismo para tratar as questões da mulher inserida no contexto socioambiental do MST. O conceito foi cunhado por Françoise d’Eaubonne na década de 1970, que gerou o início de um movimento político com a intenção de trazer o foco das mulheres para o seu potencial de promoção de uma revolução ecológica, buscando o fim de todas as formas de opressão, relacionadas às conexões entre as dominações por raça, gênero, classe social e dominação da natureza. Françoise utilizou o termo ecofeminismo pela primeira vez na sua obra Le Feminist ou la mort (1970) para referir-se à capacidade das mulheres como impulsoras de uma revolução ecológica que ocasione e desenvolva uma nova estrutura social. A perspectiva de gênero é utilizada pelas ecofeministas como uma categoria de análise que questiona os sistemas de dominação de diferentes grupos. O feminismo é definido como o pensamento e o movimento em direção a equidade política, econômica e social entre mulheres e homens. Já a ecologia é o estudo da relação entre grupos humanos em seus ambientes físicos e sociais. A combinação de ambas as palavras gera a categoria ecofeminismo que é a ideia de que a opressão às mulheres e ao meio ambiente estão intimamente ligados. Dessa forma, os objetivos específicos do trabalho buscam entender, junto com a lógica feminista e ambiental, como é a organicidade do MST, além de compreender onde as mulheres estão inseridas na dinâmica do movimento. Ainda, busca-se verificar qual o papel da mulher dentro do Assentamento e analisar se existe a discussão de gênero no mesmo.


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