Última alteração: 08-11-2018
Resumo
O século XIX caracteriza-se pelas intensas transformações sociais, econômicas e políticas, inclusive no Império do Brasil. Todavia, alguns dos seus traços definidores ainda podiam ser observados. Entres eles, destaca-se a centralidade da família para a compreensão do funcionamento destas sociedades. Por conseguinte, justifica-se voltarmos a atenção para a análise das alianças matrimoniais como parte das estratégias de reprodução e mobilidade sociais acionadas pelos indivíduos naquele período. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é apresentar uma avaliação inicial dos casamentos realizados na cidade de Porto Alegre entre as décadas de 1840 e 1850. Além da análise de variáveis demográficas como naturalidade e legitimidade dos nubentes e dos indicativos de status social (títulos honoríficos e patentes militares), interessa observar as alianças matrimoniais estabelecidas pelos agentes mercantis estabelecidos em Porto Alegre. A principal base documental do trabalho são os assentos de casamento da Freguesia Nossa Senhora Madre de Deus entre as décadas de 1840 e 1850, que se encontram sob a guarda do Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre (AHCMPA). As suas informações estão sendo abastecidas no banco de dados NACAOB e com base nos referenciais teórico-metodológico da História social e demográfica, a abordagem destas fontes será predominantemente quantitativa. Os dados disponíveis permitem igualmente observar as dinâmicas populacionais destas sociedades e neste sentido, nos interessa destacar a mobilidade espacial dos membros da sociedade em questão. Uma análise preliminar dos dados nota-se que os noivos eram predominantemente nascidos fora do Rio Grande de São Pedro, enquanto as noivas eram nascidas nesta província, sugerindo que o casamento era uma etapa importante de inserção na sociedade receptora e para as estratégias de mobilidade social destes agentes sociais, inclusive para os comerciantes. Este trabalho faz parte do projeto Luso-brasileiros, comércio, sociabilidade e processo de urbanização na Praça mercantil de Porto Alegre, século XIX (Fase 2 - 1856-1865) e espera-se nas próximas etapas aprofundar esta análise a partir da confrontação com outros conjuntos documentais, tais como os processos de habilitação matrimonial (AHCMPA) e escrituras públicas de venda e de procuração (Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul – APERS).