O Parque Natural Municipal Saint’Hilaire (PNMSH) é uma Unidade de Conservação (UC) de proteção integral, categoria parque, localizada entre os municípios de Porto Alegre e Viamão, com uma área de 1148 hectares, que abriga aproximadamente cinquenta nascentes e diversas áreas de mata nativa, de bastante importância para a preservação do parque. Dados preliminares dessa pesquisa, iniciada em 2016, mostraram indícios de degradação do parque e dos seus cursos hídricos, possivelmente causado pela crescente urbanização nos seus entornos e pelo descaso da comunidade local. Considerando que o lançamento de efluentes e de esgotos domésticos em corpos hídricos provoca a mudança na composição físico-química e microbiológica da água, o presente trabalho busca diagnosticar a influência da urbanização na qualidade dos cursos hídricos do parque. A partir de estudos preliminares em mapas do parque e visitas in loco, foram escolhidos para essa pesquisa três pontos localizados dentro do parque (I1, I2 e BA). O ponto I1 localiza-se mais próximo dos entornos do parque e apresenta-se bem degradado, com a presença de resíduos sólidos, forte odor e bordas assoreadas. O ponto I2 está localizado no interior do parque, tendo sua nascente muito próxima e encontra-se bem preservado, com água aparentemente cristalina e sem odor. O ponto BA, localizado na barragem existente no parque, aparentemente sem as bordas assoreadas, com poucas plantas aquáticas e sem a presença de resíduos sólidos. Até o momento foram realizadas duas coletas de água superficial nos três pontos selecionados: dezembro de 2016 e julho de 2017.  Todas as amostras coletadas foram encaminhadas para o laboratório Biocontrol para análise dos seguintes parâmetros: coliformes totais e termotolerantes, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), fósforo total, nitrogênio total e metais pesados (cádmio, chumbo e cobre). Considerando como padrão de qualidade para águas doces os critérios definidos na Resolução CONAMA 357/2005, os resultados laboratoriais da primeira coleta mostraram que nos pontos I1 e BA as águas estão fora do padrão de qualidade para águas doces de classe III e no ponto I2 as amostras estão de acordo com os padrões.  Para todas as amostras não foram encontrados metais pesados nos resultados da primeira coleta. Na segunda coleta, que foi realizada em período mais seco, os resultados laboratoriais mostraram no ponto I1 a presença de cobre em concentração de 0,004 mg/L, DBO de 6 mg/L e um aumento considerável dos parâmetros fósforo e nitrogênio total em relação a primeira coleta. Esses resultados relacionam-se possivelmente ao lançamento de efluentes orgânicos e de detergentes de uso doméstico, provenientes de residências próximas.  Embora o ponto I2 localiza-se afastado dos entornos do parque, observou-se a presença de fósforo total (0,08 mg/L), que não tinha sido detectado na primeira coleta. No ponto BA ocorreu pequeno aumento na DBO, de fósforo e nitrogênio total em relação a primeira coleta.  A partir dos resultados das análises físico-químicas e microbiológicas foi possível iniciar um diagnóstico da situação dos corpos hídricos do parque e futuramente propor ações de gestão ambiental para alcançar a remediação dos problemas constatados no PNMSH.