Portal de Eventos do IFRS, Volume 4, 2020

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O “Ganho Acadêmico” das ações de iniciação à docência do PET-Matemática do IFRS Campus Bento Gonçalves
Bruna Luzzatto Berton, João Paulo Zatti Möpert, Cristian Doring Molon, Eliel Felizardo, Fabian Loti, Raiane Jacqueline Conci, Taís Amanda Giovanella Becker, Tamara Miranda Rustick, Thayná Andrade Barbosa, Delair Bavaresco

Última alteração: 01-09-2020

Resumo


O Programa de Educação Tutorial (PET) orienta-se pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, tendo por objetivos, entre outros, desenvolver atividades acadêmicas em padrões de qualidade e excelência, mediante grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar; introduzir novas práticas pedagógicas na graduação e estimular a formação de docentes de elevada qualificação. Com base nessas orientações, o PET Matemática do Campus Bento Gonçalves do IFRS, desde sua criação em 2010, realiza, entre outras, uma série de atividades que possibilitam a aquisição de experiências de iniciação à docência. Essas atividades visam o atendimento de diferentes públicos com a intenção de minimizar déficits de aprendizagem e de possibilitar acesso a conhecimentos não contemplados em matrizes curriculares de cursos regulares. Além disso, essas ações possibilitam a vivência da iniciação à docência dos integrantes do grupo, a qual, em muito, responde às premissas de funcionamento dos grupos PETs. Diante disso, neste trabalho destacamos os principais resultados com relação àquilo que denominamos de ganho acadêmico das ações de iniciação à docência realizadas pelo grupo em 2019 e no primeiro semestre de 2020. A docência não se resume à regência de classe individual em aulas expositivas no modelo clássico de sala de aula. Atividades de monitorias individuais ou coletivas, docência compartilhada, orientação de estudos, atendimento remoto, entre outros, fazem parte da atividade docente na contemporaneidade. Visando adquirir experiências de iniciação à docência nesses diferentes contextos, o PET Matemática promoveu em 2019 e no primeiro semestre de 2020: Curso de Nivelamento para Ingressantes do Ensino Médio/Técnico, Curso de Calculadora Científica, Curso Preparatório para o ENEM e Monitorias de Matemática para diversos públicos. Além destes, os bolsistas também participaram como ministrantes de Curso Preparatório para o Processo Seletivo do Ensino Médio/Técnico do IFRS, Curso de Formação Continuada de Professores e de um projeto da OBMEP. Os membros do grupo envolvidos nesse relato entendem que a participação em atividades de iniciação à docência, de forma orientada e reflexiva, durante a graduação, são positivamente diferenciadas com relação à formação inicial de professores de Matemática. Destaca-se o aprofundamento e a elucidação de conceitos que, muitas vezes, não são suficientemente compreendidos em estudos anteriores, ou seja, quando se prepara para ensinar, o aprendizado é mais sólido, mais significativo e muitos conceitos passam a fazer sentido. Aliado a esse ganho acadêmico, está o potencial do planejamento coletivo com troca de experiências e ideias, uma vez que todas as ações desenvolvidas possibilitam docência compartilhada e colaborativa. Nessa estratégia, o compartilhamento não tem o significado de fracionamento, e sim, de colaboração. Mais importante do que discutir conceitos e metodologias de ensino, é ter a segurança do apoio de um colega. Caso “dê um branco” e precise de ajuda, tem alguém para auxiliar. Destaca-se, também, a importância da experimentação e da avaliação de diversas metodologias e estratégias didáticas, inclusive voltadas para o ensino em séries iniciais, cujos conceitos matemáticos muitas vezes são considerados elementares e não são discutidos em metodologias de ensino da Licenciatura em Matemática. Outros pontos potencialmente positivos podem ser sintetizados pelo aprendizado com relação ao gerenciamento do tempo de aula, identificação de fragilidades da metodologia adotada, planejamento e produção de materiais didáticos, contato com alunos de diferentes realidades sociais e intelectuais, contato com professores já atuantes da Educação Básica, entre outros. Por fim, mas não de menor importância, o grupo destaca a melhoria naquilo que se pode chamar de performance do professor, ou seja, aprimoramento na capacidade de executar a tarefa de ministrar aula com eficiência, “ter melhor desenvoltura”, “perder a vergonha” e desenvolver a oratória. Obviamente, essas experiências não se realizam num universo desconectado de toda a problemática que envolve a atmosfera educacional escolarizada contemporânea. A falta de interesse por parte dos alunos frequentadores das atividades e, não desconexa a esse fato, a baixa adesão e a baixa frequência na maioria das iniciativas propostas são percepções frequentes nas reflexões do grupo. Essas fragilidades identificadas precisam ser refletidas, discutidas e transformadas em aprendizado, seja pela reavaliação da proposta, da metodologia adotada ou, até mesmo, do público alvo direcionado. Ainda, é necessário entender que não se deve idealizar ambientes de atuação docente. Em termos diretos, conseguir tornar os ensinamentos significativos, atraentes e transformadores é motivo de reconhecimento e realização. Por outro lado, deparar-se com desinteresse e pouca adesão às propostas, não é diagnóstico único de fracasso e incapacidade, devendo ser considerada toda a problemática estrutural e cultural que permeia o contexto educacional escolarizado que nos inserimos. Em síntese, as experiências em diversas situações de iniciação à docência vivenciadas na graduação são positivamente diferenciadas e transcendem o currículo básico, tornando-se um importante diferencial na formação do professor. Ser um bom professor exige preparação, estudo e principalmente, muita experiência.

Palavras-chave


Iniciação à Docência; Formação de Professor; Docência Compartilhada; Aprendizagem Significativa; Déficits de aprendizagem.

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