Portal de Eventos do IFRS, 8º MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E DE INOVAÇÃO

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Aspectos reprodutivos de Tropaeolum pentaphyllum Lam. (crem): polinização e germinação
Daniela da Silva, Letícia Mesacasa, Letícia Gava, Larissa Pasqualotto, Juliana Marcia Rogalski

Última alteração: 19-09-2018

Resumo


A liana Tropaeolum pentaphyllum Lam. (crem) é uma planta alimentícia não convencional (PANC) com potencial para a exploração econômica. Porém, sua conservação está ameaçada devido à perda de hábitat e a extração in situ de seus tubérculos. O objetivo deste estudo foi acompanhar a polinização e avaliar a frutificação e a germinação de sementes de T. pentaphyllum. Para avaliar os visitantes florais foram feitas observações em diferentes dias e horários (seis às 19h) durante todo o período de floração da espécie, totalizando 90 horas. Para cada visita foi registrado: visitante floral, horário de visita, recurso coletado e comportamento do visitante. Os dados foram analisados mediante frequências de visitação e taxa de frutificação (n = 50), em porcentagem. O estudo da germinação das sementes foi realizado na presença e na ausência de luz, sendo utilizadas 50 sementes por tratamento, totalizando 100. A semeadura foi realizada em bandejas contendo turfa e foram mantidas em casa de vegetação, com temperatura (25°C) e umidade (UR > 50%) controladas. Possíveis diferenças na germinação foram verificadas com o teste do Qui-quadrado (χ2). Em 2017, os visitantes foram observados de agosto a outubro (todo o período de floração). No total, três espécies visitaram as flores de T. pentaphyllum: Leucochloris albicollis Vieillot (beija-flor-de-papo-branco), Chlorostilbon lucidus Shaw (besourinho-do-bico-vermelho) e uma espécie de abelha do gênero Euglossa. O visitante mais frequente foi a abelha (50%), seguida de C. lucidus (26,09%) e L. albicollis (23,91%). A abelha coletava somente o pólen como recurso, porém deslocava-se pela flor depositando-o no estigma, podendo promover autopolinização. Em ambos os troquilídeos o pólen era depositado nas suas gargantas, devido às anteras ficarem dispostas abaixo da abertura do tubo floral. Estes visitavam praticamente todas as flores de T. pentaphyllum presentes na área de estudo, porém visitavam várias flores da mesma planta antes de deslocarem-se entre plantas. Portanto, Tropaeolum pentaphyllum apresentou polinização mista. Devido ao comportamento dos visitantes florais e na espécie ocorre protandria, possivelmente a geitonogamia seja a principal forma de polinização promovida na espécie. Para polinização livre a taxa de maturação de frutos em T. pentaphyllum foi de 24%. A germinação no escuro ocorreu em média 157 ± 9,0 dias após a semeadura e na presença de luz ocorreu, em média, com 163,5 ± 7,2 dias após a semeadura, não havendo diferenças entre os tratamentos. A germinação das sementes foi maior na ausência de luz (48%) e menor na presença de 18% (χ2 = 6,818; P ˂ 0,05), indicando que possam ser fotoblásticas negativas preferenciais. A dormência das sementes de T. pentaphyllum pode ser relacionada à impermeabilidade do tegumento, ao embrião imaturo ou rudimentar ou à presença de substâncias inibidoras, ou, ainda, combinações destes fatores. A caracterização da biologia sexuada de T. pentaphyllum constitui informação relevante por possibilitar a multiplicação, sem extração de tubérculos, tanto para sua conservação in situ quanto para exploração do potencial econômico da espécie.

Palavras-chave


espécie ameaçada; PANC; reprodução sexuada; Tropaeolaceae

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