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MULHERES QUILOMBOLAS E A INOVAÇÃO SOCIAL
Monalise D'Agostini, Manuela Rösing Agostini, Gabriella Rocha de Freitas

Última alteração: 25-01-2021

Resumo


Este trabalho faz parte do projeto “Empoderamento das comunidades quilombolas de Sertão-RS por intermédio da inovação social”, que objetiva fomentar um processo de inovação social num contexto de vazios institucionais vivenciados pelas comunidades quilombolas da Arvinha e da Mormaça.  Através da inovação social busca-se identificar os problemas existentes e fornecer práticas duradouras que alterem a realidade, no entanto, respeitando a cultura existente. A partir das visitas realizadas na comunidade da Arvinha em 2019 - momentaneamente suspensas devido à pandemia causada pelo coronavírus - pôde-se constatar que as atividades propostas pelo projeto mobilizaram, principalmente, as mulheres quilombolas. Assim, o objetivo deste trabalho consiste em compreender o processo de empoderamento das mulheres quilombolas e como isso tende a ser fortalecido pela implementação de inovações sociais nas comunidades quilombolas. Como metodologia, foi realizada a revisão da literatura sobre o protagonismo desempenhado pelas mulheres quilombolas em suas comunidades; a análise das atividades desenvolvidas pelo projeto de inovação social na comunidade quilombola da Arvinha e; análise de conteúdo de 4 entrevistas realizadas com mulheres das comunidades da Mormaça e da Arvinha. Como principais resultados, pôde-se verificar que o protagonismo já desempenhado pelas mulheres na formação de muitas comunidades quilombolas - como o ocorrido na Arvinha e na Mormaça - tem sido potencializado através de um processo atual de empoderamento das mulheres que pode ser verificado no aumento da ocupação de cargos de liderança. Nesse sentido, destaca-se a importância que as mulheres em posições de liderança exercem ao configurarem exemplos a serem seguidos pelas próximas gerações. Na comunidade da Arvinha, onde o projeto de inovação social vem sendo desenvolvido, é evidente a força feminina em realizar as atividades propostas com o objetivo de melhorar as condições econômicas e sociais da localidade. Ademais, mesmo que a presidência da associação esteja sendo exercida por homens, observa-se no cotidiano que as mulheres são protagonistas nas decisões referentes à comunidade. A liderança feminina segue o exemplo da matriarca da comunidade Cezarina. Conclui-se, então, que não somente na comunidade onde o projeto é aplicado, mas também por todo o país, as mulheres quilombolas vêm adquirindo cada vez mais destaque. Dessa forma, cada passo que se dá rumo à um mundo mais igualitário é de extrema importância, ainda mais referente a mulheres negras, historicamente marcadas pelo racismo e pelo vazio institucional deixado pelo Estado brasileiro.


Palavras-chave


Mulheres quilombolas; Empoderamento; Inovação social.