Última alteração: 14-12-2018
Resumo
A região da Serra Gaúcha é a maior produtora vitícola do Brasil com aproximadamente 60% da produção nacional. O clima da região, úmido e chuvoso, favorece o desenvolvimento de doenças fúngicas como o míldio, sendo utilizado no seu controle fungicidas cúpricos. A calda bordalesa é um eficiente fungicida utilizado pelos viticultores há centenas de anos, o que tem causado acúmulo de cobre no solo em níveis elevados. A precipitação média na Serra Gaúcha é de 1700 mm ano-1, aumentando o número de tratamentos com fungicidas cúpricos. Com as precipitações, estes fungicidas são transportados para o solo e tendem a se acumular nas
camadas superficiais. A ausência de práticas mecânicas de controle da erosão nos vinhedos tem causado a transferência pelo processo erosivo do cobre via sedimento particulado. O objetivo do trabalho foi avaliar a biodisponibilidade do cobre presente em um sedimento de bacia, utilizando a técnica da extração sequencial por resina trocadora de cátions. O trabalho foi realizado no município de Pinto Bandeira, Rio Grande do Sul, em uma pequena bacia com longo histórico de cultivo de videira e aplicações de calda bordalesa. Foram coletados e analisados sedimentos provenientes do escoamento superficial de uma área de mata nativa, de um vinhedo contaminado com cobre e de um córrego, Arroio do Rio 25. As amostras foram coletadas por estruturas fechadas de cano de PVC, denominadas de torpedos, em um período de 3 meses durante o ciclo da videira. A extração do cobre disponível nos sedimentos foi realizada utilizando resinas trocadoras de cátions (RTC). As extrações foram realizadas em
diferentes tempos de equilíbrio em função das quantidades extraídas de cobre. A quantidade de cobre biodisponível variou em função das aplicações de calda bordalesa na videira e das precipitações ocorridas durante o ciclo da cultura. A quantidade biodisponível de cobre ao ambiente aquático é dependente dos teores totais acumulados nos sedimentos. As aplicações de calda cúprica no vinhedo possibilitaram o aumento de cobre no sedimento erodido, tornando este metal dissolvível por resina trocadora de cátions, indicando a possibilidade de transferência a outros organismos.