Diversos estudos tentam compreender os baixos índices de leitura e consumo cultural no Brasil, destacando a importância da democratização do acesso a bens culturais por meio de políticas públicas. Toda via o brasileiro lê em média 4,96 livros por ano e utiliza as livrarias como o principal ponto de referência para o encontro do produto, desta maneira, expõe-se a necessidade de tais estabelecimentos por todo o território nacional, contrariando a realidade, onde 55% das livrarias brasileiras encontram-se na região sudeste e destas, grande parte, alocam-se em centros urbanos. A vitalidade desta pesquisa reside em Osório/RS, a partir da sua configuração social: um tipo-ideal inserido dentro dos 94,91% de munícipios brasileiros definidos como de “pequeno porte” pelo IBGE, encarecidos de dados estatísticos e analíticos sobre a conjuntura das políticas econômicas geridas e geradas pela a economia da cultura. Portanto, o objetivo desta pesquisa é lançar luz sobre os pequenos municípios verificando em que medida a economia do livro faz parte das dinâmicas produtivas locais e como elas podem colidir com a realidade dos hábitos culturais no Brasil. Para tanto, tem sido necessário uma revisão bibliográfica abrangente sobre os hábitos de leitura no Brasil e políticas públicas culturais, a fim de compreender os mecanismos do mercado editorial brasileiro, além de uma breve análise das leis orçamentárias anuais da prefeitura municipal de Osório, e, por conseguinte a avaliação da execução destas leis por meio de entrevistas com atores políticos e sociais que participam direta ou indiretamente do fomento literário na região. Até o presente momento verifica-se em Osório duas perspectivas no consumo literário: as duas livrarias existentes e a Feira do Livro organizada pela prefeitura. Uma das livrarias tem foco na venda de livros religiosos e a outra funciona como uma loja de utensílios escolares. A Feira do Livro de Osório torna-se peculiar para este estudo a partir do momento que em 2017 comercializa 1718 livros em uma semana de realização e por consequência, em 2018, despende 6,79% do orçamento da cultura do munícipio de Osório. Linear ao mercado editorial, o varejo de livros da Feira atende principalmente a dois tipos de público-alvo: o infanto-juvenil e o religioso, coincidemente os dois gêneros de livros mais visados nas publicações editoriais. Desta forma, Osório, enquanto um pequeno munícipio, apresenta a Feira do Livro como uma politica pública significativa na resolução da problemática apresentada, mesmo mostrando-se tênue numa perspectiva geral.