Última alteração: 14-12-2018
Resumo
A dificuldade para a tomada de decisão empresarial no setor agrário não envolve apenas fatores naturais, climáticos e/ou biológicos. O setor vitivinícola brasileiro está sujeito a outras modalidades de risco, dentre eles a presença dos produtos importados, a ampliação da regulação fitossanitária, a ausência de mão de obra qualificada e a falta de hábito dos consumidores no que tange a apreciação de vinhos e espumantes. O estudo pretendeu analisar como os tomadores de decisão percebem as fontes de risco no negócio do vinho, e quais medidas elegem para contornar e controlar tais fatores de risco. Tratou-se de uma pesquisa exploratória, a partir da aplicação de instrumento de coleta de dados, tendo por base o estudo piloto desenvolvido por Farias, Duschitz e Silva (2015). O questionário foi aplicado junto a cinco vinícolas da Serra gaúcha, junto aos proprietários ou responsáveis pelo processo produtivo do estabelecimento. Por se tratar de uma abordagem não-probabilística, utilizou-se a técnica de amostragem por conveniência. Os dados foram analisados a partir dos gráficos gerados pelo “google form”. Analisaram-se as diferentes percepções de risco que envolvem a vitivinicultura, com um corte temporal dos últimos cinco anos. Em relação aos riscos, foram apontados como sendo “riscos elevados” do negócio os fatores ligados à comercialização de vinhos e espumantes; são considerados “riscos moderados”, os fatores climáticos e os institucionais/legais; e são vistos como “fatores de baixo risco”, os tecnológicos, o humano e o operacional. Foram mencionadas como principais medidas de enfrentamento desses riscos, o gerenciamento das questões mercadológicas, tais como a diversificação do negócio, a compra programada de insumos, a busca por informações de tendências de consumo e a implementação de programas de qualidade. Outras medidas apontadas foram o treinamento de mão de obra e o monitoramento ao longo do ano dos parreirais. Pretendeu-se com esse estudo compreender os processos de tomada de decisão das vinícolas do RS, uma vez que tais organizações são, majoritariamente, formadas por pequenas empresas, em geral vulneráveis aos diferentes riscos aos quais estão expostas. Os resultados desse estudo dão os primeiros “insights” para a elaboração de programas de capacitação gerencial, que auxiliem diretamente os produtores de vinho gaúchos.