Última alteração: 28-02-2019
Resumo
O projeto estabelece ligação entre arte urbana e geoprocessamento, a fim de explorar a pluralidade de leituras do espaço urbano do município do Rio Grande/RS, cuja paisagem tem sido dominada ubiquamente pela presença dos graffiti. Emergido no contrafluxo da paisagem urbana, o graffiti levanta questões problematizadoras na dimensão cultural em um gesto híbrido de expressão e protesto. Desta forma, o graffiti modifica a existência cotidiana, acrescentando sentidos e (re)significados, afetando os transeuntes ao proporcionar um novo olhar sobre o espaço urbano. Nesse contexto, o Geoprocessamento surge como ferramenta para investigar os fenômenos expressos na paisagem. Para a área do Geoprocessamento, a cartografia poética das intervenções artísticas da cidade demonstra a versatilidade desta ferramenta, abrangente a qualquer área do conhecimento. Em contrapartida, o Geoprocessamento exerce na pesquisa poética a possibilidade de análise dos dados espacialmente localizáveis através de ferramentas digitais, como o GPS (Sistema de Posicionamento Global), o SIG (Sistema de Informação Geográfica), bem como permite a veiculação dos registros adquiridos nos percursos em um mapa dinâmico acessível à comunidade. Através do método da cartografia o projeto tem como objetivo principal mapear as intervenções artísticas no espaço público através da seguinte metodologia: 1) Com uso do GPS, realizar o levantamento de dados; 2) Através do software de SIG, ArcGIS, desenvolver análises espaciais relativas à densidade dos graffiti na área de estudo; 3) Na plataforma “MyMaps”, do Google, construir e disponibilizar na Web um mapa dinâmico contendo registros documentais e fotográficos dos graffiti; 4) Acrescentar ao mapa dinâmico rotas subjetivas, guiadas pelo ponto de vista de personagens fictícios criados em oficinas promovidas pelo projeto de extensão, em que membros externos e estudantes do IFRS e da FURG participaram. A partir do levantamento de dados realizado durante as saídas de campo, foi possível compor um banco de dados dos 400 graffiti coletados até então, um mapa temático e um mapa de densidade. Assim, utilizando o Geoprocessamento como ferramenta para desenvolver um mapeamento dos graffiti no município do Rio Grande/RS, espera-se oferecer ao público o convite de explorar novos espaços na cidade e novos modos de habitá-los. Nesse viés, a intersecção entre arte e Geoprocessamento permite análises geográficas do ambiente a partir do sensível, contribuindo para o desenvolvimento de novas dinâmicas de percepção e apropriação do território ao trazer a reafirmação dessa arte, uma vez que o graffiti torna a cidade um museu ao ar livre.