Portal de Eventos do IFRS, 6º Seminário de Extensão (SEMEX)

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Projeto cultivando a vida: reinserindo pessoas através da agricultura agroecológica
Maiquel Santos, Vagner Ribeiro Gayer, Neila Sperotto, Douglas Vicente Alchieri

Última alteração: 28-02-2019

Resumo


O índice de reincidência criminal no Brasil e alto. De acordo com pesquisas internas, os principais motivos da reincidência são a dificuldade em obter uma nova fonte de renda e preconceito da sociedade. Sendo assim, é necessário que sejam pensadas ações que possibilitem os ex-detentos ter uma fonte de renda, além de sentir-se novamente parte da família e da sociedade. Este trabalho tem como objetivo oferecer um curso de agricultura agroecológica aos detentos do regime semiaberto do presídio estadual de Taquara, visando com isso possibilitar uma alternativa de fonte de renda após o cumprimento da pena, bem como possibilitar uma reaproximação com a sociedade através de iniciativas de doação de alimentos a entidades do município de Taquara. Objetiva ainda promover uma melhora na alimentação dos detentos do regime aberto e fechado, que utilizam os alimentos produzidos no curso na cozinha da penitenciária. O curso é estruturado em módulos de 40 horas, utilizando uma metodologia teórico/prática, baseada na concepção do 'aprender fazendo' e “aprender e ensinar”. No início de cada módulo, é feito uma apresentação e um diálogo com os participantes, onde cada um expõe sua relação com a agricultura e diz qual hortaliça que mais gosta de comer. As hortaliças escolhidas pelo grupo são plantadas, e ao longo do curso apresentadas as recomendações técnicas para as culturas, dentro do sistema agroecológico. Até o momento, já foram realizados dois módulos do curso, estando o terceiro módulo em andamento. Uma horta de aproximadamente 1,2 hectares está implantada e produzindo os mais variados tipos de vegetais, tais como alface, repolho, brócolis, couve-flor, beterraba, cenoura, mandioca, batata, abóbora e amendoim. Esses alimentos estão sendo utilizados na cozinha da penitenciária, e quando ocorrem excedentes ou existe demanda, são destinados a entidades como APAE e lar de idosos. Alguns participantes já deixaram a penitenciária e retornaram para propriedades rurais de algum parente, onde estão produzindo alguns dos alimentos consumidos pela família. Com este projeto, percebeu-se que existe uma demanda por educação no sistema penitenciário. A maioria dos detentos não possui ensino fundamental completo, sendo assim, não conseguem acessar os cursos técnicos e superiores oferecidos pelas instituições. A rotatividade dentro da penitenciária interfere no andamento do projeto. Os participantes se dizem satisfeitos por produzirem seus alimentos e também pela possibilidade de oferecer esses alimentos a comunidade, vendo isso como uma forma de 'reparar' seus erros.

Palavras-chave


Educação no campo; Agroecologia; Agricultura; Sustentabilidade.

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