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Considerável parte da população brasileira encontra-se em algum caso de vulnerabilidade, seja
financeira, educacional ou social. Observando isso, o presente estudo busca compreender
como uma parcela das pessoas utiliza e relaciona-se com peças de roupas de segunda mão,
através da perspectiva da Economia Circular, modelo econômico que visa utilização máxima
dos recursos para minimizar danos ambientais, através do design, da reutilização e reciclagem
de materiais. O tema estudado carece de informações, portanto, este estudo tem como objetivo
a coleta e análise de dados informativos sobre o “consumidor vulnerável” - cidadão em
vulnerabilidade social, educacional e financeira que adquire peças de vestuário através de
doações, brechós e afins - aspirando obter resultados preliminares para auxiliar na
documentação e compreensão de como tal população interage com roupas de segunda mão,
com enfoque em fatores que auxiliam ou prejudicam na aquisição de seu vestuário. Utilizando
dados obtidos previamente através de grupos focais e pesquisas bibliográficas, foram
elaborados e aplicados questionários empregando o método de pesquisa quantitativo survey,
obtendo-se dados informativos e resultados preliminares sobre uma amostra de cidadãos em
situação de vulnerabilidade. Foram entrevistados cento e vinte participantes, sendo que a
maioria identificou-se com o gênero feminino e possui renda familiar de até um salário mínimo.
Pode-se analisar elementos que contribuem e dificultam a obtenção de seu vestuário, visto que
a maioria dos respondentes utiliza apenas vestimentas adquiridas por meio de doações. Em
torno de 80% dos participantes afirma que é de grande auxílio o fácil acesso a brechós de
igrejas e centros espíritas, considerando o valor simbólico pelo qual as roupas são vendidas ou
até mesmo doadas nesses locais, os quais são conhecidos também como “brechós solidários”
justamente por tal motivo. Na mesma proporção, possuir pessoas que realizam doações
contribui para a utilização de roupas de segunda mão, expressando um claro método aquisitivo
para essa população. Saber costurar é indicado pela maioria dos respondentes como um fator
com certa importância em seu cotidiano. Já no que diz respeito ao reparo, os respondentes
indicam preferência em realizar consertos por conta própria ao invés de desembolsar
pagamentos por tal serviço em uma costureira. Após a análise realizada, constata-se uma clara
dependência da utilização de vestuário de segunda mão pela população em questão. Pode-se
considerar que essa parcela de cidadãos contribui para a realização da economia circular,
mesmo que de modo inconsciente, visto que utilizam o máximo de suas vestimentas, em
grande parte obtidas de segunda mão. A cooperação para adquirirem suas roupas é outro
ponto relativo à economia circular, pois este modelo torna-se viável apenas com a participação
ativa da população, o que ocorre com os entrevistados.

Vulnerabilidade social; Economia circular; Consumo sustentável.