Última alteração: 28-12-2024
Resumo
As doenças fúngicas são um dos maiores desafios ao cultivo da videira, impactando produtividade e qualidade das uvas. A podridão cinzenta, causada por Botryotinia fuckeliana (forma anamórfica de Botrytis cinerea), provoca perdas significativas e afeta o processo de vinificação. O fungo sobrevive no inverno e libera esporos na primavera, infectando flores e cachos novos, com sintomas manifestados no amadurecimento das bagas. Condições ideais para o patógeno incluem alta umidade e temperaturas entre 18°C e 23°C. Embora fungicidas químicos sejam tradicionalmente empregados, estratégias complementares são essenciais para reduzir o impacto ambiental e prevenir resistência. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de fungicidas bioquímicos e microbiológicos no controle do fitopatógeno Botrytis cinerea. O experimento foi conduzido "in vitro", em meio de cultura Ágar Batata Dextrose (BDA). Os tratamentos com fungicidas químicos e bioquímicos foram previamente preparados e distribuídos uniformemente ao substrato, com uma dosagem equivalente a 300 L ha⁻¹, antes da inoculação do patógeno. Para os fungicidas microbiológicos, a aplicação ocorreu de forma simultânea, com a introdução concomitante do microrganismo antagonista e do patógeno. Foram testados os seguintes tratamentos: fungicida químico: (1) Iprodiona; fungicidas bioquímicos: (2) produto formulado com extrato de Rosmarinus officinalis, (3) Fertilizante foliar com 5,5% de cobre, (4) Extrato bruto de Rosmarinus officinalis, (5) Extrato de Sophora flavescens, (6) Extrato de Rheum palmatum; fungicidas microbiológicos: (7) Trichoderma asperellum, (8) Trichoderma harzianum, (9) Bacillus amyloliquefaciens, (10) Bacillus amyloliquefaciens + Bacillus pumilus + Bacillus subtilis, (11) Bacillus amyloliquefaciens, (12) Bacillus amyloliquefaciens. Dois modelos testemunha foram utilizados. O material foi incubado em estufa BOD a 26°C, e a medição do crescimento micelial foi realizada diariamente, utilizando uma referência de marcação. Os dados foram analisados por ANOVA e o Teste de Duncan a 5% de significância. O fungicida químico serviu como padrão de controle, enquanto as testemunhas foram utilizadas para calcular o percentual de controle. Os resultados indicaram que os tratamentos 1, 2 e 11 com controle de 100%, 92% e 90% respectivamente, foram estatisticamente equivalentes. Da mesma forma, os tratamentos 3, 7, 8, 10 e 12, com controle de 72%, 69%, 60%, 69% e 73%, também apresentaram equivalência. O tratamento 5 alcançou 45% de controle, enquanto o tratamento 6 obteve 14%, com diferença significativa. O tratamento 4 foi equivalente às testemunhas. Os resultados demonstram que, para controle acima de 70%, os tratamentos 1, 2, 3, 7, 8 e 12 podem ser considerados eficientes no manejo da Botrytis cinerea, sendo viáveis para aplicação no campo. Conclui-se que os fungicidas microbiológicos e bioquímicos demonstraram potencial para reduzir a dependência de controle químico, contribuindo para a mitigação da resistência fúngica. Assim, esses agentes podem ser utilizados isoladamente ou em associação com fungicidas químicos, visando maximizar a eficiência de controle e minimizar os impactos ambientais.