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Participação social e mobilização comunitária nas enchentes de 2024 em Alvorada
Última alteração: 28-12-2024
Resumo
O trabalho faz parte do projeto de pesquisa "Participação social e as iniciativas de produção de saúde e de vida no território", que tem como objetivo compreender, fomentar e documentar a participação social e as iniciativas locais voltadas para a produção de saúde em territórios vulneráveis. O projeto adota uma perspectiva interseccional e de educação permanente para enfrentar desigualdades, iniquidades e violências. Em maio de 2024, o estado do Rio Grande do Sul foi atingido por enchentes que afetaram 484 municípios, incluindo Alvorada, uma cidade com 194.116 habitantes, de acordo com o IBGE. Essas inundações impactaram especialmente áreas vulneráveis, onde muitas famílias estavam inscritas no Cadastro Único (CadÚnico). Em Alvorada, estima-se que 9.475 pessoas registradas no CadÚnico foram diretamente afetadas, o que corresponde a 13,5% da população em situação de vulnerabilidade. O estudo busca analisar como a participação social ativa pode gerar impactos positivos na gestão de crises ambientais, contribuindo para o fortalecimento das comunidades e o desenvolvimento de soluções sustentáveis para a produção de saúde e bem-estar. A metodologia do estudo consistiu na observação e documentação de ações desenvolvidas por organizações e indivíduos locais, tais como a distribuição de alimentos, roupas, itens de higiene e a criação de cozinhas comunitárias. Essas atividades foram lideradas por organizações sem fins lucrativos e líderes comunitários, que também pressionaram o poder público por respostas mais ágeis e eficazes. Os resultados parciais indicam que a mobilização das comunidades foi essencial para minimizar os danos provocados pelas enchentes. Diversas instituições desempenharam um papel central na assistência às famílias afetadas, como o Instituto Felipe Dias, que distribuiu semanalmente mais de 100 marmitas, com doações de alimentos de parceiros como a Ceasa e a Ascendendo Mentes. O Complexo Frutos de Umbu preparou refeições diárias para mais de 2 mil pessoas, enquanto o Instituto Mães Que Alimentam distribuiu mais de mil refeições diárias e cestas básicas, mesmo enfrentando dificuldades operacionais devido a infiltrações em sua sede. Outras entidades, como a ONG Onédes e o SIMA (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação de Alvorada), também foram fundamentais ao organizar campanhas de arrecadação e participar de cozinhas comunitárias. Além das ações de assistência imediata, líderes comunitários destacaram-se ao denunciar problemas estruturais, como a precariedade do saneamento básico, e mobilizaram as comunidades para cobrar respostas do poder público. A participação social foi decisiva não apenas para a sobrevivência das famílias afetadas, mas também para a criação de laços comunitários e estratégias colaborativas que fortaleceram o território.
Palavras-chave
Produção de Saúde, Participação Social, Espaços Comunitários, Organização Local
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