Última alteração: 28-12-2024
Resumo
O presente projeto de pesquisa tem como foco central o mapeamento do multilinguismo no estado do Rio Grande do Sul. O objetivo é identificar, registrar, mapear, preservar e promover as línguas minoritárias encontradas no estado. Na primeira fase, o projeto mapeou cidades como Bento Gonçalves, Ivoti e Carlos Barbosa. Para o ano de 2024, o projeto concentra-se nas línguas oficialmente reconhecidas, como acontece com o Talian na cidade de Serafina Corrêa. Essa cidade é um exemplo notável de multilinguismo no Rio Grande do Sul, onde o Talian, um dialeto de origem vêneta, foi cooficializado em 2009. O Talian, uma língua derivada do Vêneto, falada pelos imigrantes italianos que chegaram à região no final do século XIX, enraizou-se nas comunidades locais e tornou-se parte essencial da identidade cultural do município. A cooficialização do Talian é uma forma de preservar e promover essa herança cultural, que também reflete uma resistência à ideia do português como única língua oficial no Brasil. O estudo busca desmistificar a visão simplista de que o Brasil é um país monolíngue, no qual só se fala português, quando, na verdade, vivemos em um território multilíngue, onde são faladas 330 línguas maternas. A análise da paisagem linguística, que examina a presença visual de línguas no espaço público, como placas de rua, sinais de trânsito e pichações, torna-se ainda mais relevante em um local como Serafina Corrêa, onde o Talian pode ser encontrado lado a lado com o português em diferentes contextos. A pesquisa parte do princípio de que cada sinal em uma língua reflete a intenção de quem o criou, considerando seu repertório linguístico, identidade e comunidade linguística. O objetivo final do projeto é descrever e compreender o papel das línguas na paisagem linguística do Rio Grande do Sul, com ênfase em entender como diferentes línguas ocupam espaços sociais e mapear suas territorialidades. No caso desta pesquisa, o foco é o município de Serafina Corrêa. A cidade possui 16 bairros, mas, neste trabalho, fotografamos os mais conhecidos, como o Centro, Planalto, Aparecida e Jardim Ita. A metodologia se baseia em registros fotográficos da paisagem linguística, indo de uma análise macro do Brasil até a análise micro da rua, destacando a relação entre símbolos linguísticos, espaço e comunidade. Os dados estão em fase de catalogação, mas já podemos adiantar que há, em Serafina Corrêa, uma vasta diversidade linguística, marcada pela coexistência do Talian e do português.