Última alteração: 28-12-2024
Resumo
O processo de vinificação produz volumes significativos de resíduos sólidos, os quais muitas vezes são subaproveitados ou descartados. Esse resíduo corresponde ao bagaço integral de uva composto majoritariamente de casca e sementes. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) Campus Rolante está localizado no município de Rolante, uma cidade pertencente ao Vale do Paranhana e responsável pela produção de 103 mil litros de vinho por ano, ou seja, uma localidade que produz grandes quantidades de resíduo agroindustrial vinícola. Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o bagaço integral de uva quanto à coloração e o teor de compostos antociânicos totais. O bagaço de uva foi adquirido da empresa Vinícola Bennato® (Rolante, RS) e armazenado no IFRS Campus Rolante à -18 °C até o momento do uso. Na sequência, o resíduo foi separado das sementes, a fim de se obter somente cascas, as quais foram secas (70°C por 72h) em estufa com circulação forçada de ar. A coloração das amostras foi analisada antes e após a secagem do bagaço de uva, utilizando o sistema CIE L*a*b* e um colorímetro (Delta Color® modelo Delta Vista 450G). Para quantificação dos pigmentos antociânicos foi utilizada a metodologia do pH diferencial, onde a leitura das amostras foi feita em espectrofotômetro UV-Vis (Yoke Instrument®, modelo UV1700). Os dados de coloração (antes e após a secagem do bagaço de uva) foram submetidos à análise de variância (p ≤ 0,05), e posteriormente, ao teste de Tukey (p ≤ 0,05), isso com auxílio do programa SAS® versão 8.0. Todas as análises foram realizadas em triplicata e os resultados expressos como a média ± desvio padrão. Os valores de L* e b* do bagaço de uva úmido (18,65 ± 2,07 e -4,42 ± 0,59, respectivamente) e seco (27,18 ± 0,88 e 4,71 ± 0,23, respectivamente) diferem estatisticamente, demonstrando que o bagaço de uva seco apresenta-se mais claro e com nuances mais amareladas que o bagaço de uva úmido. Em relação ao teor de antocianinas totais, pode-se observar que o bagaço de uva seco possui 14,55 ± 0,73 mg de malvidina-3-glicosídeo/100g de amostra, esse dado está em consonância com trabalhos disponíveis na literatura desenvolvidos com uvas. Posteriormente, será realizada a atividade antioxidante do bagaço de uva a partir do método in vitro que observa a captura do radical DPPH (2,2-difenil-1- picril hidrazil). A construção da curva padrão (y = 0,011x - 0,0027, R² = 0,9998) já foi executada. Os resultados deste trabalho servirão de suporte para a continuidade do projeto de pesquisa, onde espera-se produzir infusões à base de resíduos vinícolas.