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Instagram como possibilidade para a autoformação docente
Graziele Silveira dos Santos, Samantha Dias de Lima

Última alteração: 17-12-2024

Resumo


INTRODUÇÃO

Este trabalho é um recorte do projeto de qualificação de mestrado vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação Básica - IFRS Campus Farroupilha, na linha de Formação de Professores, Currículos e Práticas Pedagógicas na Educação Básica e apresenta dados parciais da referida pesquisa. Tem como interesse estudar a rede social Instagram enquanto espaço de disseminação de conteúdo pedagógico para autoformação docente de Educação Infantil.

Desde a redemocratização do país e uma série de leis que asseguram a educação de crianças de 0 a 5 anos, entendeu-se que o trabalho docente na EI, precisaria reconhecer aspectos fundantes da cultura e da especificidade desta fase do desenvolvimento, não estando em condição apenas do cuidado assistencial, tampouco de preparação para os anos iniciais. Caberia aqui uma docência própria, que caminha e constrói junto das crianças os processos de ensino e aprendizagens.

Ao notar o crescimento das redes sociais pedagógicas e seu grande alcance ao público docente, e entendendo que esta, pode influenciar o jeito de ser das pessoas, que esta pesquisa começa a se delinear no início do segundo semestre deste ano, buscando evidências sobre os olhares que se produzem para a rede social Instagram, enquanto plataforma digital de alcance mundial que atinge milhares de pessoas[1], unindo regionalidades e (por hipótese) produzindo uma certa docência.

Esta rede foi desenvolvida em 2010 por uma dupla de engenheiros de programação e desde então permite uma facilidade ao acesso e a interatividade entre as pessoas (Magalhães; Paiva; Lima, 2021, p. 03). Foi também neste ano também que no Brasil a EI publica um importante documento que direciona e orienta o trabalho das escolas infantis, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI). Deste modo, justifica-se a escolha do marco temporal para os desdobramentos da pesquisa, abrangendo o período entre 2010 a 2024.

A partir do exposto, coloca-se como problematização deste estudo: como perfis do Instagram funcionam como espaços de autoformação docente na contemporaneidade? A partir desta problemática, organiza-se o seguinte objetivo: analisar a forma com que conteúdos postados em perfis incidem sobre o fazer pedagógico das professoras da Educação Infantil.

A pesquisa se inicia com a construção de uma Revisão Sistemática de Literatura a fim de realizar um mapeamento do campo de estudo (formação de professores e mídias sociais) e evitar duplicações de pesquisas sobre a temática.

Foram consultada as bases de dados SciELO, Portal de Periódico da Capes e Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, sendo selecionados 13 pesquisas, dentre as quais: 9 dissertações, 3 teses e 1 artigo científico.

 

DOS PERCUROS INVESTIGATIVOS: UM ESTUDO DE CASO

A escolha em desenvolver a pesquisa a partir do Estudo de Caso está na necessidade de compreender como perfis do Instagram funcionam como espaços de autoformação docente em tempos em que se dá tanta visibilidade para estes ambientes. Tem-se como premissa selecionar perfis a partir do número de seguidores, mapear os seguidores em comum, fazer uma análise de conteúdo de publicações recentes, além de entrevistas semiestruturadas com as professoras influencers para compreender os sentidos que mobilizam a produção de conteúdos na/para a manutenção dos perfis. A partir da triangulação dos dados, buscaremos compreender a que docência estas perfis estão atreladas.

Conforme Yin, “um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre fenômeno e contexto não estão claramente definidos” (2015, p. 32).

 

O QUE TEMOS ATÉ O MOMENTO

Constatamos a partir da RSL e dos estudos analisados até então, que os ataques à educação pública chegam às universidades pressionando para que se organize uma formação de professores voltados à conteúdos práticos em detrimento dos teóricos. Temos visto também um crescimento exponencial nas instituições EaD com ofertas de formações com períodos reduzidos de tempo, o que fragiliza a formação inicial docente e, consequentemente seu trabalho no interior das escolas. Segundo Zoia, a ênfase da formação está no desenvolvimento das competências, tanto de professores, quanto dos alunos. [...] (2022 p. 57). A autora traz que trabalhar com o processo de formação contra-hegemônica, buscando o desenvolvimento profissional docente que atue de acordo com o contexto cultural da instituição o qual está inserido, é um campo que ainda está em construção.

Com preocupações sobre o avanço neoliberal no campo da educação, Ximenes (2020) desenvolve sua tese tratando dos processos formativos docentes enquanto atividade, ou seja, naquela em que há sentido empregado, faz uma relação entre a formação e a consciência profissional. Diz ela: “[...] a formação humanizadora da consciência pressupõe a existência de uma unidade dialética significado - sentido da ação, caso isso não ocorra poderá ocasionar uma relação de alienação, tanto docente, quanto na consciência das professoras (p. 50).

Ao olhar para o modo como os professores compreendem os conteúdos disponibilizados nas redes, a pesquisa realizada por Firmino (2022), sinaliza que os perfis educacionais encontram espaço neste meio de comunicação e alcançam o público da comunidade educacional. Segundo o estudo, “[...] em se tratando da formação de professores, acreditamos na reflexão da ação como meio de se realizar uma formação com o compromisso de inferir mudanças na prática pedagógica [...]” (p. 63). Ainda expõe que

 

[...] a identificação com a proposta e as postagens dos perfis torna um seguidor constante e participativo [...] sendo influenciado e influenciar com aquela ideia. Se o perfil trouxer um conteúdo de qualidade isso traz benefícios significativos, sobretudo na área da educação, pois desencadeia mudanças de pensamento e de atitudes frente a questões práticas do cotidiano escolar (Firmino, 2022, p. 63).

 

Ou seja, podemos entender, que quando o perfil engaja o público, há possibilidades de incidir sobre a forma de constituir o fazer docente.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos estudos preliminares realizados até este momento, consideramos que a difusão de conteúdos nas redes sociais pode ser analisado sob duas perspectivas: a possibilidade de disseminação e compartilhamento de práticas, ampliando o repertório dos docentes, e também, a homogeneização ou a padronização destas. É preciso considerar a consciência dos professores ao buscarem nos meios sociais apoio/suporte para suas práticas e, se há o cuidado com a realidade ao qual está inserido e com as demandas do grupo com que atua.

A internet, revolucionou os modos de ser das pessoas – como se comunicam, trabalham, aprendem – acelerou a globalização, processo que possibilitou uma interconexão global e que também chegou às escolas, podendo interferir com o próprio processo constitutivo do professor. Conforme Dias, “[...] as tecnologias digitais foram sendo incorporadas no dia a dia e tornaram-se sinônimo de praticidade e diminuição de barreiras [...] (2020, p. 4). Resgatando a professoralidade de Vilela, como um processo que se desenvolve no caminhar, desenvolvendo cada sujeito o seu próprio modo de ser, penso que suspeitar de certos modismos se fazem importantes nos tempos em que vivemos e entender essa formação docente, como “[...] caminhos que contribuem para revelar a formação profissional indissociada da produção da subjetividade. [...]” (2016, p. 47), ou seja, um eterno movimento de construir-se e constituir-se, “uma produção de si”, precisa ser assegurada para que se garanta um ensino e aprendizado para além das exigências do capital, que assegure um tempo de pensamento, de estudo, de suspensão da vida privada, inclusive na escola das infâncias.

 

Palavras-chave: Autoformação; formação docente; Educação infantil

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil de 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view= download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192>  Acesso em: 19/09/2024

Dias de Lima, S., & Chassot Benincasa Meirelles, M. (2020). TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA: UM OLHAR SOBRE A EXPERIÊNCIA DE UM CURSO DE PEDAGOGIA EM TEMPOS DE PANDEMIA. 23, 1–7. https://doi.org/10.5212/OlharProfr

 

FIRMINO, Nairley Cardoso Sá. A Linguagem regionalizada nas redes sociais como alternativa para a prática de reflexão de professores de química. 2022, 145f. Dissertação - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira. Redenção, 2022.

 

Galvão, M. C. B., & Ricarte, I. L. M. (2019). REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA: CONCEITUAÇÃO, PRODUÇÃO E PUBLICAÇÃO. Logeion: Filosofia Da Informação, 6(1), 57–73. https://doi.org/10.21728/logeion.2019v6n1.p57-73

 

Magalhães, J. H. de S., Paiva, L. I., & Lima, S. de P. (2021). Instagram como ferramenta educacional na formação de professores de língua estrangeira. Research, Society and Development, 10(3). https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.13445

 

PEREIRA, Marcos Vilela. Estética da professoralidade: um estudo crítico sobre a formação do professor. Editora UFSM, 2016.

 

SAMPAIO, Henrique. Instagram ultrapassa TikTok e se torna o aplicativo maisbaixado do mundo. CNN Notícias. 12/03/2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/instagram-ultrapassa-tiktok-e-se-torna-o-aplicativo-mais-baixado-do-mundo-2/ Acessado em: 20/09/2024.

 

XIMENES, Priscilla de Andrade Silva. Das necessidades formativas aos sentidos e significados da formação continuada de professoras da educação infantil: um estudo de caso dos Centros Municipais de Educação Infantil de Goiânia (2013- 2019). 328f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia. 2020.

 

ZOIA, Elvenice Tatiana. Formação continuada para professores de educação infantil na perspectiva histórico-cultural: desafios e potencialidades. 250f. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Maringá. Maringá, 2022.

 

YIN, Robert K. Estudos de Caso: planejamento e métodos. Editora Bookman, 2015.

[1] Segundo a CNN Brasil, 1,47 bilhão de pessoas usam a rede social Instagram


Palavras-chave


Autoformação; formação docente; Educação infantil

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