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Sobre memórias e traumas: representações dos campos de concentração na obra “Maus: a história de um sobrevivente
Última alteração: 28-12-2024
Resumo
A graphic novel "Maus: A História de um Sobrevivente", criada por Art Spiegelman, explora um dos episódios mais sombrios da história da humanidade: o Holocausto, também conhecido como Shoah. O autor relata a vivência de seu pai, que sobreviveu à experiência do campo de Auschwitz, onde milhões de indivíduos, principalmente judeus, perderam suas vidas. A obra oferece uma análise rica e complexa das memórias e traumas ligados a esta situação extrema, que se transformou em um verdadeiro laboratório de desumanização para certos grupos da sociedade, os quais foram submetidos a trabalhos forçados, torturas e execuções. Este estudo teve como propósito examinar de que maneira "Maus" retrata as cenas relacionadas aos campos de concentração, investigando as vivências e interações dos personagens que lá se encontravam, além de analisar a representação física do campo em si. A pesquisa ainda se encontra em andamento; no entanto, a leitura da obra possibilitou uma maior compreensão das escolhas do autor em relação à forma como retrata a perseguição aos judeus e a deportação dessas pessoas para os campos de concentração. Art Spiegelman opta por um estilo que remete ao cartoon e associa os variados personagens a diferentes animais. Assim, os judeus são representados como ratos, os alemães como gatos, os poloneses como porcos, entre outras representações antropomórficas. O autor adota um traço vigoroso e as ilustrações são feitas em preto e branco, evidenciando os elementos sombrios que permeiam a obra. A investigação está em curso e, até agora, foi possível identificar a complexidade das relações que surgem dentro do campo de concentração. O autor ilustra, em certas passagens, o processo de desumanização pelo qual os indivíduos que chegam ao local precisam passar, que envolve a entrega de seus documentos e a obrigatoriedade de despirem suas roupas para vestirem os uniformes fornecidos. Essa situação se revela como uma tentativa de apagar a identidade de cada pessoa submetida a essa realidade. Ademais, destaca-se a intrincada dinâmica entre os soldados nazistas e os judeus, bem como entre os próprios prisioneiros, que frequentemente precisam recorrer a diversas táticas para garantir a própria sobrevivência. Por último, a pesquisa evidencia a relevância de criar práticas de memória sobre esse tema, visando garantir que uma tragédia deste tipo não se repita no futuro.
Palavras-chave
: Maus; Campos de Concentração; Holocausto; História e Memória
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