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Literatura e arte nos territórios onde habitam os afetos: direito humano incompressível
Catharine Isadora Nonemacher Ledur, Izandra Alves, Viviane Diehl

Última alteração: 25-02-2025

Resumo


Muito se fala da importância e da necessidade da leitura para despertar o gosto e desenvolver habilidades de escrita, além de ser um direito humano incompressível, como defende Antonio Candido (2011). No entanto, a função estética e fruidora da literatura desenvolvida a partir da educação literária nem sempre tem prioridade nos processos de mediação. Isso acontece devido a abordagem utilitarista do texto literário. Por conta disso, as ações deste projeto possuem o intuito de trabalhar o texto literário a partir das experiências que provocam nos leitores e que os co-movem tanto a olhar para dentro de si mesmos como ao seu redor, de forma crítica e contestadora. A maioria das atividades acontecem além dos muros institucionais, principalmente, nos espaços carentes de mediação leitora lúdica e crítica, a fim de contribuir para a (trans)formação dos sujeitos e dos territórios. Para tanto, as parcerias entre projetos são de fundamental importância, neste caso, o que envolve a arte, que corrobora para que a expressão dos sujeitos e o acesso às subjetividades aconteçam. Nesse sentido, este resumo se atém às oficinas desenvolvidas na socioeducação, na unidade do CASE Caxias do Sul, com jovens em privação de liberdade e que contemplaram o tema “O amor e os afetos nos territórios”. Como metodologia de trabalho, as equipes do projeto e do CASE reuniram para planejar e selecionar o tema e os textos a serem lidos, bem como os produtos artísticos a serem gerados. O poema “O laço e o abraço”, de Mário Quintana e a crônica “Amor de mãe”, de Sérgio Vaz foram os escolhidos. A partir deles, discussões em grupos e brincadeiras coletivas como o jogo de “cama de gato” aconteceram e produções artísticas foram construídas. A instalação nomeada “Caixas-território” foi criada com fios coloridos que se entrecruzaram metaforizando os múltiplos caminhos que percorremos em nossas trajetórias individuais e coletivas e que interferem nos espaços, nas emoções e nas decisões que tomamos. Assim, nos atravessamentos da vida, laços, abraços e afetos são ativados e foram eternizados em camisetas brancas, pintadas pelos (a)braços adolescentes. Estes meninos, mesmo em privação de liberdade, foram capazes de demonstrar, mutuamente, gestos de acolhida e de cumplicidade ao abraçarem-se com afeto e deixarem suas mãos e braços pintados nas camisetas uns dos outros. Como resultados, temos os produtos artísticos que se transformaram em exposição na instituição. Contudo, o que é bastante gratificante é a solicitação por parte dos parceiros de que o projeto retorne com mais atividades que possibilitem a discussão de assuntos pertinentes ao grupo em privação de liberdade, sempre tendo o texto literário em sua função estética e capacidade fruidora como base para trocas e construções de aprendizagens significativas que fortalecem a literatura como direito humano incompressível.

Palavras-chave


Leitura; Socioeducação; Direitos humanos.

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