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Variação temporal da meiofauna bentônica em arroio urbano com elevada carga orgânica
Liliana Poersch Staudt, Simone Caterina Kapusta, Fernanda de Souza Amaral, Luiz Felipe Velho, Magali da Silva Rodrigues, Sabrina Letícia Couto da Silva

Última alteração: 27-12-2024

Resumo


O monitoramento ambiental de ambientes aquáticos, através dos parâmetros físicos, químicos e biológicos, é imprescindível para acompanhar a qualidade do corpo hídrico. A meiofauna bentônica vem sendo utilizada como bioindicadora em ambientes aquáticos, especialmente nematódeos, em razão da sua grande dominância, ampla distribuição, elevada diversidade taxonômica, e sensibilidade a diversos poluentes e alterações ambientais. O estudo da variação temporal dos grupos da meiofauna, é importante para o conhecimento sobre como a variabilidade natural do ambiente influencia na estrutura da comunidade. Salienta-se que, no Brasil, há carência de estudos da meiofauna, especialmente de Nematoda de água doce em ambientes lóticos. O Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, é um arroio urbano afetado pelas mais diferentes alterações antrópicas, e é objeto de estudo deste trabalho. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a variação temporal da meiofauna no trecho inferior de um arroio urbano com elevada carga orgânica. As campanhas amostrais foram efetuadas na primavera de 2021, verão, outono e inverno de 2022, no ponto amostral localizado no trecho inferior do Arroio Dilúvio. Nessas campanhas, foram obtidas amostras de água superficial, para a avaliação de parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Para a análise da meiofauna, foram coletadas cinco réplicas de sedimento  com um amostrador de  2,7 cm de diâmetro, enterrado até a profundidade de 5 cm no interior do sedimento coletado pela Draga de Petersen modificada, sendo o material acondicionado em sacos plásticos e fixado com formol 4%. Em laboratório, as amostras para a análise de meiofauna foram separadas por meio de elutriação manual, sendo o sobrenadante vertido nas peneiras de 0,500 mm e 0,062 mm de abertura. O material retido na peneira de menor abertura, foi analisado sob estereomicroscópio. Ao longo das campanhas amostrais, foram encontrados os grupos Nematoda, Copepoda e Ostracoda, pertencentes à meiofauna permanente, Chironomidae, Oligochaeta, Hirudinea, Psychodidae, Collembola e Acarina, pertencentes à meiofauna temporária. No verão e no outono, foram registradas as menores densidades médias (0,7 e 1,4 ind.10 cm-2, respectivamente) e riqueza de grupos (2 e 1, respectivamente). No inverno, a densidade foi de 29,1 ind.10 cm-2 e a riqueza (6 grupos). Na primavera foi registrada a maior densidade média (102,2 ind.10 cm-2) e riqueza (9 grupos). Nematoda correspondeu a 86,1% do total de organismos, com percentuais de 50% (verão), 71,1% (inverno), 90,4% (primavera) e 100% (outono). De forma geral, as baixas densidades e riqueza de táxons registradas ao longo das estações do ano, provavelmente foram influenciadas pela elevada carga orgânica, evidenciada pelos baixos valores de oxigênio dissolvido e valores elevados de DBO, DQO, condutividade e Escherichia coli, indicando um comprometimento da qualidade do corpo hídrico no trecho inferior.

Palavras-chave


bioindicadores; meiofauna; organismos bentônicos

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