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Efeito fantasma: a ausência dos homens cisheternormativos no NEPGS do câmpus Rio Grande
Última alteração: 24-02-2025
Resumo
A participação de homens brancos cisheteronormativos em iniciativas de equidade de gênero tem sido bastante limitada, resultando em uma lacuna significativa na busca por soluções inclusivas, especialmente no ambiente escolar. A ausência de vozes masculinas cisheteronormativas em debates sobre gênero, sexualidade e diversidade perpetua ciclos de opressão, uma vez que essa parcela, ao não se envolver, reforça estruturas de poder desiguais. Nesse contexto, este estudo busca analisar o impacto dessa ausência na diversidade escolar, por meio de um mapeamento demográfico dos membros ativos do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade (NEPGS) do câmpus Rio Grande do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), fornecendo dados concretos para fundamentar futuras ações afirmativas, estratégias de sensibilização e discussões plurais. A primeira etapa da pesquisa, de abordagem qualitativa, traçou o perfil demográfico dos membros ativos do Núcleo, utilizando um questionário misto composto por 17 perguntas, sendo oito de múltipla escolha e nove discursivas. Os resultados revelaram uma predominância de estudantes (78% dos participantes) e mulheres cisgênero (68% dos participantes). Apesar da diversidade, a participação de homens cisgênero (27% dos participantes) é limitada. Entre esses, 70% se identificam como homossexuais ou bissexuais, enquanto apenas 23% se declaram heterossexuais, sendo que estes participam do NEPGS para acompanhar suas companheiras, o que reflete uma (auto)exclusão desse grupo nas discussões de gênero. A baixa participação de homens cisheteronormativos aponta para uma barreira invisível, decorrente de resistências culturais e falta de interesse, reforçando o patriarcado e perpetuando estereótipos de gênero nocivos. Além disso, a ausência de professores e servidores cisheteronormativos nessas discussões agrava a situação, limitando a construção de uma educação mais inclusiva e plural. Os dados também indicam que integrantes de grupos marginalizados, como mulheres e pessoas LGBTQIA+, ainda dependem da voz de indivíduos de grupos privilegiados para serem ouvidos, refletindo a presença de estruturas patriarcais nos espaços de luta por equidade. A segunda etapa da pesquisa, ainda em andamento, busca verificar os motivos da ausência de professores e servidores homens cisheteronormativos do NEPGS. A pesquisa confirma a (auto)exclusão, consciente ou não, de homens cisheteronormativos no NEPGS, que é majoritariamente composto por mulheres e pessoas LGBTQIA+. Essa ausência limita o alcance do movimento por equidade de gênero, sendo a participação de grupos privilegiados crucial para romper essas hierarquias. Conclui-se que é urgente sensibilizar e conscientizar os homens cisheteronormativos sobre as discussões de gênero, sexualidade e diversidade, uma vez que a desconstrução de normas patriarcais e a promoção de uma educação inclusiva dependem da participação de todos os grupos sociais.
Palavras-chave
NEPGS; Cisheteronormatividade; Ações afirmativas.
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