Como projeto de extensão, o Brechó Solidário, constitui-se como um processo formativo e experiencial, com foco na Economia Solidária, dentro do ciclo de circulação de produtos de vestuário. Através do emprego de metodologias ativas de gestão de coletivos, tendo como público alvo a comunidade interna e externa (população do entorno do campus e de instituições educacionais parceiras), desenvolve através das edições um programa de imersão na Economia Solidária, em que os participantes têm a oportunidade de se capacitar e vivenciar a auto-organização com vias ao desenvolvimento de um modelo de negócio baseado no consumo sustentável, no preço justo e na solidariedade, através da experiência de doações e trocas no contexto das edições do brechó solidário. O escopo do projeto centra-se na busca por uma intervenção construtiva socioambientalmente no ciclo da produção, circulação e consumo de produtos de vestuário no âmbito da comunidade viamonense, tendo-se em vista o impacto negativo da indústria da moda no meio ambiente em nível mundial, como algo significativo em termos de aspetos socioambientais basilares como a contribuição negativa no aumento da poluição ambiental, através do emprego de matérias primas altamente poluentes e degradativas, adoção de políticas de descartes massivos de resíduos da indústria em regiões sensíveis socioambientalmente ou práticas recorrentes de contratação de mão de obra precarizada e em situação análogas à escravidão. Por outro lado, nos últimos anos o consumo e sua relação produto consumidor, ora, atrelado a um caráter quase que autômato de alienação do agente, vem se convertendo em lócus de ação política, no sentido da construção de subjetividades da/na resistência ao módus operandi hegemônico na relação produção e consumo, constituindo a efetivação de identidades políticas que cada vez mais convertem o ato de consumir em efetiva ação social e política. Assim, o projeto vem ao longo do seu desenvolvimento instituindo uma cultura do consumo solidário em brechós, como um espaço que dialoga com dimensões muito caras à nossa contemporaneidade, como a responsabilização individual na edificação de práticas que busquem a minimização dos impactos negativos ao meio ambiente, atrelada as questões sociais fundamentais. Desta forma, os valores, princípios e tecnociência atrelados ao escopo da Economia Solidária, configuram-se como elementos fundamentais na qualificação tecnológica, política e social dos contextos territoriais que o Instituto Federal se relaciona, estabelecendo na prática extensionista o espaço de construção de outro modus operandi do/no consumo, baseado na capacitação e vivência individual e coletiva de noções como preço justo, consumo sustentável e solidariedade, vivenciados durante as oito edições até agora realizadas.