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Autodefinição à brasileira: como Lélia Gonzalez define o que é ser negro no Brasil
Renata Raquel Veríssimo Gomes, Renata Trindade Severo

Última alteração: 22-12-2023

Resumo


Este trabalho representa a segunda fase da pesquisa intitulada "Enunciação e debate racial: produções linguísticas e discursivas de subjetividades em disputa". Na etapa inicial, exploramos o conceito de autodefinição, cunhado pela destacada socióloga e teórica social norte-americana Patricia Hill Collins. Collins é reconhecida por suas contribuições no campo da teoria feminista e da interseccionalidade, analisando as interconexões de raça, gênero e classe e seus impactos nas experiências de opressão e poder nas sociedades contemporâneas. Para esta segunda fase, expandimos nossa investigação, relacionando os conceitos de Collins com a obra de Lélia Gonzalez, uma influente intelectual, socióloga e ativista brasileira. Co-fundadora do Movimento Negro Unificado, Gonzalez deixou um legado na luta por justiça social e igualdade no Brasil, focando em como as dinâmicas raciais se entrelaçam com outras formas de opressão. Nesta etapa específica, concentramo-nos na análise da segunda metade do livro "Primavera para as rosas negras". Este livro, objeto de nossa pesquisa anterior, é fundamental para entendermos como Gonzalez relaciona a cultura afro-brasileira aos pilares civilizatórios do Brasil, influenciando as subjetividades de brasileiros brancos, indígenas e negros em diferentes graus. Os resultados parciais da pesquisa apresentaram duas características marcantes: Gonzalez contrapondo as definições da branquitude em relação à comunidade negra e a identidade cultural do sujeito brasileiro constituída da beleza, religiosidade e valores civilizatórios africanos. Ao longo de sua obra, Gonzales descreve como o mito da democracia racial foi utilizado como respaldo para manter os sujeitos negros em condições subalternas de vida e como essa condição foi utilizada para justificar a sua miserabilidade, isto é, a culpabilidade do sujeito pela sua condição e não reconhecimento de uma sistema criado com o intuito de que este sujeito falhe. Um dos achados desta fase da pesquisa foi relacionar como, no âmbito da negritude, a autodefinição põe a comunidade negra no centro da cultura brasileira e como essas contribuições devem ser consideradas para pensarmos uma efetiva luta contra a disparidade racial, utilizando referenciais próprios baseados, principalmente, mas não exclusivamente, na experiência e na vivência de mulheres negras brasileiras. Conforme seguimos em frente, ponderamos sobre perspectivas futuras cruciais. Isso inclui a implementação prática dessas descobertas em iniciativas de extensão, visando debates com a comunidade do Campus Porto Alegre. Essa iniciativa visa fomentar a discussão sobre as relações étnico-raciais brasileiras.


Palavras-chave


Autodefinição; Negritude; Subjetividade.

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