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As realizações fonológicas da vibrante no português falado em Feliz (RS)
Heloísa Pellenz Schneider, Laura Helena Hahn Nonnenmacher

Última alteração: 22-12-2023

Resumo


A língua falada, utilizada cotidianamente nas interações humanas, apresenta variações linguísticas que refletem sua natureza heterogênea. A variabilidade inerente ao sistema linguístico, advinda da inter-relação entre traços linguísticos e sociais, recai, dentre outros, no nível fonético-fonológico da linguagem. Nessa perspectiva, os fonemas próprios de um código linguístico mostram-se passíveis de serem produzidos de maneiras variáveis, postulando a ocorrência de diferentes realizações fonológicas de uma mesma unidade sonora. O presente trabalho tem por objetivo geral analisar padrões de variação linguística produzida por processos fonético-fonológicos variáveis no português falado na cidade de Feliz (RS), enquanto local colonizado por imigrantes alemães que trouxeram consigo o dialeto Hunsrückisch. Os objetivos específicos são (a) verificar o padrão de variação da realização da vibrante em ataque silábico no português de Feliz e (b) investigar aspectos sociolinguísticos que possam estar relacionados a certos traços linguísticos e ser interpretados como caracterizadores do português falado na cidade. A revisão bibliográfica fundamenta-se em estudos relativos à descrição das realizações de /r/, sendo embasada, sobretudo, em Monaretto (2002, 2009, 2014) e Monaretto, Quednau e Hora (2014). A pesquisa encontra-se na fase de levantamento bibliográfico e de realização de entrevistas sociolinguísticas para a coleta de dados. Por esse motivo, ainda não há resultados a serem apresentados; no entanto, pode-se elencar algumas hipóteses: (a) o baixo índice de distinção fonológica, representada na fala, entre a vibrante simples (r-fraco) e a múltipla (r-forte) pelos falantes bilíngues português-hunsriqueano; (b) o predomínio de realização de tepe em onset silábico e baixa ocorrência de fricativa velar nesse contexto; (c) a relação entre o favorecimento de emprego do tepe e as seguintes variáveis sociais: baixo nível de escolaridade, idade avançada e residência na zona rural da cidade. Tanto as entrevistas, quanto a coleta e análise de dados seguirão a metodologia laboviana (LABOV, 2008 [1972]). A investigação diagnostica as realizações da vibrante na comunidade felizense, reconhecendo as tendências de emprego do /r/ na localidade, influenciadas por fatores étnico-culturais próprios da dinâmica migratória da região. O estudo integra o projeto “Variação e mudança no português do Rio Grande do Sul em cenários de contato dialetal e linguístico” (VarCon), contribuindo para a análise e descrição da variação linguística do português brasileiro. Examina-se, assim, a interdependência entre o uso da linguagem e os seus efeitos semânticos, observando os prismas identitário-culturais que permeiam as interações comunicativas dos sujeitos e dos grupos linguístico-sociais em nosso país.

Palavras-chave


Línguas de contato; Variação Linguística; Vibrante.

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