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A presença de mulheres em espaços políticos de decisão sobre as mudanças climáticas no Brasil
Última alteração: 22-12-2023
Resumo
As mudanças climáticas acarretam grandes impactos na sociedade. Estudos mostram que determinadas populações vivem em contextos de maior vulnerabilidade às consequências das alterações no clima, estando as mulheres entre os grupos sociais mais afetados. Além disso, dados apontam que mulheres possuem pouca presença em espaços de estudo e tomada de decisão sobre a pauta climática, resultando em uma menor representatividade de seus interesses. Isto posto, o presente trabalho tem como objetivo pesquisar a presença de mulheres em espaços de influência nas decisões sobre questões ambientais, como a crise climática, com ênfase no campo político. Entende-se que, no contexto brasileiro, as secretarias de meio ambiente, junto aos institutos, fundações e superintendências ambientais, são alguns dos principais órgãos atuantes nas políticas do clima. Diante disso, foi realizado um levantamento sobre a presença de mulheres nas chefias destas instituições, aqui denominadas como entidades ambientais. Foram consideradas entidades de competência estadual, para se ter um panorama mais abrangente da equidade de gênero nestes espaços a nível nacional. A metodologia baseou-se no levantamento e interpretação de dados secundários, seguido de entrevistas online com representantes das entidades ambientais. Os resultados mostraram que, de 47 entidades ambientais estaduais no Brasil, 14 são chefiados por mulheres (34%), enquanto 33 são chefiados por homens (66%). Para aprofundar-se na experiência de mulheres em cargos de prestígio nas entidades ambientais, foram conduzidas entrevistas, via Google Meet, que buscaram saber como se dá a relação entre gênero e poder nestas instituições e de que forma isso exerce influência sobre as políticas ambientais. Até o presente momento, foram realizadas duas entrevistas com gestoras de secretarias de meio ambiente em dois estados do país. As perguntas direcionadas às gestoras buscavam compreender os seguintes pontos: se a profissional enxerga diferenças de tratamento baseado em gênero na entidade onde trabalha; como é a distribuição de gênero nos cargos de liderança e se houve modificações nos últimos anos; se a presença de uma mulher na liderança da entidade trouxe mudanças em relação às decisões e às políticas desenvolvidas; e, por fim, se existem políticas sendo desenvolvidas para as mudanças climáticas com foco nas mulheres e demais populações vulneráveis. As respostas obtidas sinalizam um ambiente positivo para as mulheres nas entidades investigadas, mostrando que os espaços políticos de decisão podem estar se mostrando mais abertos para a igualdade de gênero. É importante mencionar que se trata de uma amostra pequena e não representativa do todo, mas o projeto está em andamento e pretende-se realizar mais entrevistas para se obter resultados mais apurados. O presente trabalho faz parte de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida há mais de um ano, cuja primeira etapa foi apresentada na última edição do Salão de Pesquisa, Extensão e Ensino do IFRS.
Palavras-chave
Mudanças climáticas; Gênero; Meio ambiente
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