Última alteração: 22-12-2023
Resumo
A pesquisa teve como objetivo a identificação das principais abordagens metodológicas empregadas durante o período de ensino remoto (2020-2021) por parte dos docentes e discentes dos cursos superiores do Campus Farroupilha. Desdobrou-se em duas etapas, sendo a primeira aplicação de um questionário online semiestruturado a docentes e discentes, obtendo respostas de 114 estudantes e 21 de professores. A partir da análise das respostas coletadas, as informações foram categorizadas em três grandes grupos de sentido: o espaço físico, recursos tecnológicos e a relação casa/trabalho. A segunda fase, realizada em 2023, aplicou a estratégia metodológica dos Grupos (de)Formação, encontros formativos que proporcionaram reflexões para o aprofundamento de discussões, ao mesmo tempo em que promoviam a informação e formação dos participantes acerca da temática da pesquisa. Durante esses encontros, foram apresentados os objetivos da pesquisa, percurso metodológico e as narrativas anônimas originadas das respostas mais recorrentes dos questionários dos discentes. O primeiro encontro (de)Formação, realizado em maio, contou com a participação de quatro integrantes, incluindo docentes e discentes, que haviam participado da pesquisa anteriormente. Durante a apresentação das narrativas anônimas, os participantes compartilharam suas experiências, que se assemelhavam de maneira significativa às narrativas previamente coletadas. Eles enfatizaram que atividades mediadas por ferramentas online proporcionaram auxílio no processo de compreensão do conteúdo, mas ressaltaram desafios relacionados ao espaço físico prejudicaram a experiência de aprendizagem. Houveram discussões sobre o novo normal nas aulas presenciais. O segundo encontro (de)Formação, realizado em agosto, reuniu oito participantes, que ao compartilharem suas experiências, relataram desafios relacionados à falta de espaço e recursos tecnológicos adequados para o estudo, bem como as distrações e a falta de interação social. Foram compartilhadas experiências positivas relacionadas ao uso de estratégias pautadas em metodologias ativas, que contribuíram para a consolidação do conhecimento. Destacou-se também as demandas relacionadas à casa/trabalho, evidenciando as disparidades de gênero durante a pandemia, já que as mulheres tiveram que assumir múltiplas responsabilidades, incluindo o apoio aos estudos dos filhos. Percebe-se que os grupos (de)formação trouxeram realidades que, por meio de discussões, validassem as narrativas apresentadas, levantando novas hipóteses sobre o ensino no período remoto, as estratégias utilizadas e os legados deixados pela pandemia. Os resultados evidenciam o hiato historicamente mantido pela pedagogia tradicional na relação entre docentes e discentes. Diante do cenário educacional histórico vivido devido à pandemia, surge a necessidade de repensar e reavaliar as estratégias utilizadas. Pensar em uma educação que centraliza o estudante como protagonista da construção do seu conhecimento são caminhos para experiências educativas exitosas. Contudo, reconhecer as mudanças e transformações sociais, contextualizadas no âmbito socioeducativo, se torna fundamental para que o processo de ensino e aprendizagem vá de encontro ao estudante e se torne decisivo para o sucesso destes.