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Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Porto Alegre (1844- 1862): notas de pesquisa sobre casamento, escravidão e liberdade
Èrica Glaeser Bezerra, Gabriel Santos Berute

Última alteração: 22-12-2023

Resumo


Na segunda metade do século XIX, Porto Alegre passava por transformações relacionadas com a intensificação das atividades econômicas e a sua condição de intermediária do comércio entre seu único porto marítimo (Rio Grande) e o interior do Rio Grande do Sul. A cidade ampliava sua área urbana e a população nela estabelecida. Uma das formas de conhecer esse processo de urbanização é analisar a população nela estabelecida a partir das alianças matrimoniais estabelecidas por seus habitantes. A presente comunicação está vinculada ao projeto de pesquisa Luso-brasileiros, comércio, sociabilidade e processo de urbanização na Praça mercantil de Porto Alegre, século XIX (Fase 7 – Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, 1861-65). O objetivo aqui é analisar especificamente os matrimônios envolvendo pessoas escravizadas, livres e libertas registradas nos livros de casamento da paróquia Nossa Senhora do Rosário de Porto Alegre (1844-1862). Esses assentos matrimoniais estão sendo cadastrados no NACAOB, um software que permite o cruzamento das bases de batismo, casamento e óbito cadastradas em outras etapas do projeto Luso-brasileiros. Trata-se de uma iniciativa que envolve pesquisadores de diferentes instituições e que está disponibilizando para consulta pública uma base de dados demográficos do espaço luso-brasileiro, fornecendo subsídios para pesquisadores de diferentes etapas da formação acadêmica. A partir de uma abordagem quantitativa e qualitativa das características demográficas dos noivos (naturalidade, filiação, legitimidade e condição civil e jurídica), é possível conhecer melhor o contingente populacional em questão. No período analisado, predominavam os casamentos entre pessoas livres, nascidas na província e filhos de casamentos legitimados pela Igreja Católica. Apesar disso, também foram identificados matrimônios envolvendo pessoas libertas e escravizadas, inclusive com pessoas livres. Portanto, é possível considerar que as alianças matrimoniais também cumpriam um papel importante no processo de construção da liberdade por parte dos escravizados e oriundos da escravidão demonstrando a complexidade das relações sociais em uma sociedade escravista. Nas próximas etapas do trabalho, será possível aprofundar a análise desses casamentos a partir da ampliação da base de dados cadastrados no NACAOB.


Palavras-chave


Rio Grande do Sul; Casamento; Liberdade

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